Cidades

Presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil lamenta burocracia

Em entrevista, o empresário Luiz Carlos Botelho Ferreira afirma que entraves administrativos são os principais problemas do segmento, mas também critica o Pacto por Brasília

Flávia Maia
postado em 07/02/2015 09:15
Luiz Carlos Botelho Ferreira:

O empresário Luiz Carlos Botelho Ferreira, 70, assumiu a presidência do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon) do DF no fim de dezembro, quando o então presidente da entidade, Júlio Peres, licenciou-se para assumir o cargo de secretário de Infraestrutura e Serviços Públicos no governo de Rodrigo Rollemberg (PSB).

Luiz preside a entidade até junho, quando ele concorrerá a uma nova eleição. Atualmente, o sindicato tem 430 membros. Importante motor da economia local, o setor da construção civil responde por 90 mil empregos diretos e compõe 3,4% (R$ 5,134 bilhões) do Produto Interno Bruto Local (PIB).

Com um currículo de mais de 40 anos de experiência no ramo da construção civil ; desses, 26 como proprietário da LDN Construtora ;, Luiz espera que o novo governo desburocratize o segmento. Em entrevista ao Correio, o empresário afirma que o desaquecimento se deve não à vontade do empreededor local, mas sim, aos entraves burocráticos na liberação de projetos e alvarás, principalmente, nos últimos quatro anos. O presidente afirma que é contra o projeto de lei de leilão de dívidas e o aumento de impostos propostos pelo GDF, e defende mais celeridade na aprovação dos projetos da construção civil.

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Nos últimos anos, o setor de construção civil assistiu a uma retração no Brasil. No Distrito Federal, não foi diferente: a participação no PIB caiu de 3,9% para 3,4%. A que se atribui esse desaquecimento?
A maior dificuldade do setor, em especial no Distrito Federal, é o espaço burocrático. Já começa na aprovação de projetos em órgãos como a Agefis, o Corpo de Bombeiros, o Detran; E essa situação é uma tendência obstrutiva para o segmento. Nos últimos quatro anos, a situação piorou muito. Depois da aprovação do projeto, vem outro entrave: a obtenção dos alvarás nas administrações regionais. O que é pior: a insegurança jurídica desses documentos com a anulação de alvarás, de habite-se. Eles criam novas normas, tiram a validade.

Qual é o prejuízo que essa insegurança jurídica traz para o setor da construção civil?
A insegurança jurídica e os entraves burocráticos trazem um retardo de dois a quatro anos para o início de uma obra. O Tio Patinhas diz que tempo é dinheiro. Por isso, eu digo que essa situação é péssima para o empresário, como também para a sociedade, que paga um custo adicional, e para o próprio governo, que perde em arrecadação. A insegurança jurídica é tão ruim que chega a sair mais cara do que os altos impostos cobrados. Com essa situação, você cria um anticiclo virtuoso.

O que seria esse anticiclo virtuoso?
O ambiente excessivamente burocrático diminui a velocidade produtiva do setor. E o dinheiro não aceita ficar parado, os empresários fazem outras aplicações, vão para outros estados. Isso é ruim para a economia local. A construção civil tem importante participação no PIB e na geração de empregos.

Nos últimos dois anos, a quantidade de lançamentos caiu bastante no DF. Existia uma oferta excessiva, e o segmento resolveu pisar no freio para diminuir o estoque?
Não. A origem dessa pisada no freio na oferta não está nos empreendedores, mas na burocracia. Houve paralisia nos projetos, a infraestrutura não foi feita pelo governo, como energia, água, pavimentação.

É o caso do Noroeste?
Podemos dizer que sim. Basta comparar com Águas Claras. A cidade não sofreu com esse tanto de burocracia no início e foi um boom. Chegou a ser a maior densidade de construção urbana do mundo. Em sete anos, virou uma cidade de 200 mil habitantes. Isso não acontece hoje. Com essa burocracia excessiva, a gente não consegue crescer.

É possível calcular os prejuízos da burocracia?
Veja bem: tínhamos 100% de tomadas de novos empreendimentos entre 2009 e 2010. Hoje, essa quantidade se reduziu para 20%. Mas, para 2015, temos esperança de que vai melhorar, mesmo sendo um ano difícil. Normalmente, a oferta média anual é de 9 mil imóveis. Em 2014, chegamos a ter uma oferta muito superior à média, 13 mil. Para 2015, a gente acha que a tendência será entre 10 mil e 11 mil.

O senhor assumiu a presidência do Sinduscon após a entrada do ex-presidente Júlio Peres no governo de Rodrigo Rollemberg. O senhor acha que a presença de um membro do sindicato no governo pode melhorar a situação? Qual é a relação com o novo governo?
Nós, como entidade de classe, estamos apostando no diálogo e na união. Queremos afastar essa condição impeditiva que atrapalha o crescimento do setor. Precisamos oxigenar essa burocracia. Acreditamos que um governo novo é como uma roupa nova, por isso, estamos tentando vestir as soluções com diálogo.

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