postado em 08/02/2015 07:15
Os mais críticos costumam dizer que, em Brasília, a vontade de ser servidor é um vírus que está no ar. Exageros à parte, as estatísticas mostram que parcela significativa da população faz essa opção e não a troca pelo sucesso na iniciativa privada. Além de bons salários, benefícios, como abono, férias parceladas e taxas mais baixas de financiamento, são atrativos para quem deseja integrar os quadros do governo.
A representatividade desse público é percebida no cotidiano e no desempenho econômico do território. Dos R$ 70 bilhões gerados pela renda de trabalho ; aquilo que provém dos salários da população durante um ano ;, pelo menos R$ 35 bilhões correspondem ao rendimento de servidores e funcionários de empresas públicas. Eles compõem as classes média e média alta da cidade, explica o presidente da Companhia de Planejamento do DF, Júlio Miragaya. ;São aqueles que fazem viagens dentro e fora do país, que têm pelo menos um automóvel, que movimentam o comércio e os serviços da região.;
O topo da pirâmide é ocupado pelos grandes empresários, como os do setor imobiliário. ;Esses, sim, têm renda muito acima da do setor público;, descreve Miragaya. Considerando apenas a população ocupada, ou seja, aquela que desempenha atividade remunerada, são 22% de servidores e empregados públicos no DF, de acordo com dados da Codeplan. Em números absolutos, significa que dos 1,1 milhão de trabalhadores, 238 mil são da esfera local.
As projeções dão conta de um ano cinzento para a área dos concursos no país. A opção de Andréia Silva Soares, 28 anos, foi poupar uma parte do salário que recebeu como professora em contrato temporário da Secretaria de Educação do DF para custear o período em que se dedicaria à preparação para as provas. No início do ano passado, ela e o namorado, Bruno Amorim Gonçalves, 32, se inscreveram no preparatório. ;É um plano de vida, que tivemos que combinar com a família, porque sabíamos que nos ausentaríamos nesse período, que deixaríamos de receber para gastar. Felizmente, meus pais já passaram; por isso, sabem como é difícil;, detalha.
Ainda que o cargo público não seja fator para que os relacionamentos se estabeleçam, quando o casal vem da carreira pública, a possibilidade de ter uma vida com bem-estar é maior. Do encontro casual, em um restaurante, para as viagens de Joseane Salmito, 33 anos, e Felipe Sitônio, 28, foram três meses. A união começou pelo encantamento mútuo. A segurança financeira dos cargos nos ministérios do Esporte e da Pesca e Aquicultura possibilitou ao casal realizar o que recém-namorados tanto desejam: momentos a sós em belos destinos. Em novembro do ano passado, fizeram a rota romântica na Serra Gaúcha. Em dezembro, passaram o réveillon em São Luís. ;Sermos servidores foi coincidência, mas, no dia a dia do relacionamento, é algo que ajuda. A gente tem segurança e pode se planejar para viagens, para estruturar a vida;, diz Joseane.
Relacionamento na rede
O site Namoro Estável existe há pouco mais de dois anos e tem 25 mil usuários, a maioria de Brasília. ;Queremos que as pessoas encontrem um relacionamento amoroso sadio e saiam do site para viver um romance não virtual;, afirma o fundador da página, Maicon Santos, 31 anos. Segundo Santos, 60 mil mensagens já foram trocadas entre os participantes. A faixa etária predominante é dos 20 aos 40 anos e podem se inscrever servidores dos governos federal, estadual e municipal.
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