Cidades

Sem condição financeira, aposentada cuida de 21 crianças e adolescentes

O desafio veio com promessa feita a uma amiga no leito de morte. Ela diz que consegue mantê-los graças à fé e à ajuda da comunidade

Luiz Calcagno
postado em 11/02/2015 11:38
Eulina Campos Araújo, 57 anos, nasceu com o dom da generosidade. Aposentada por invalidez, dona de uma casa simples, de muro amarelo, em uma esquina na Quadra 511 do Recanto das Emas, ela cuida de 21 crianças e adolescentes com idades entre 1 e 18 anos, entre filhos, netos e bisnetos. Três gerações já se passaram. Nem todos moram com ela, mas a maioria vai ao lar da mulher todos os dias para comer, lanchar ou jantar. Além do salário mínimo que recebe da aposentadoria do SLU, a matriarca conta com ajuda de amigos, religiosos, parentes e até de desconhecidos para garantir o alimento, a saúde, e a educação de todos. Mãe de seis filhos, ela adotou 10 crianças. Elas cresceram e tiveram filhos, que hoje estão sob os cuidados de Eulina.

A residência da mulher tem dois banheiros e cinco quartos com várias camas, beliches e colchões, além de três sofás para suportar o fluxo diário de filhos, netos e bisnetos. Mesmo com poucos móveis, a construção simples, de paredes nuas e janelas pequenas, erguida aos poucos, sem planejamento, guarda os indícios de movimentação. Além do número de quartos e colchões, o tamanho das panelas na cozinha denuncia a quantidade de pessoas que comem no local. A história da turma de Eulina começou com uma vizinha, Divina Pereira, que criava 10 filhos e, para isso, contava com a ajuda de Eulina. O laço de amizade entre as duas se estreitou quando Divina adoeceu.

Responsabilidade

A aposentada passou a cuidar dos meninos, que tinham um pai ausente e violento. ;Quando havia dinheiro, eu fazia as compras para ela. Caso contrário, eu levava o lanche. Os filhos dela também passavam na minha casa para comer antes e depois do colégio. A Divina era como uma filha para mim. Eu sempre dizia ;mamãe chegou;, quando ia para a casa dela com a comida;, recorda a avó. No leito de morte, na manhã de 13 de fevereiro de 2006, a vizinha chamou a amiga e pediu que ela cuidasse das crianças. Dona Eulina pensou que se tratasse apenas do mais novo, Luiz Inácio, com 1 ano à época. Mas logo viu que se não abrisse a casa para todos, meninos e meninas ficariam desamparados.
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