postado em 23/02/2015 06:00
Marcado para hoje, com duas semanas de atraso em relação ao primeiro calendário letivo anunciado, o início das aulas na rede pública de ensino segue incerto. O impasse entre o Governo do Distrito Federal e os professores causa tumulto nas atividades escolares dos 460 mil estudantes. A começar por esta segunda-feira, quando os alunos podem até comparecer ao colégio, mas não terão professor em sala. A reportagem percorreu algumas escolas públicas, como a Escola Classe 312 (Asa Norte) e a João Paulo Freire, localizada na 610 Norte, e o cenário era o mesmo: portões fechados e sem nenhum aluno.
O Sinpro-DF, sindicato dos docentes, convocou uma assembleia para as 10h, a fim de decidir se aceita a proposta do GDF de parcelamento dos benefícios atrasados ou se declara greve. A tendência, até a noite de ontem, era de paralisação, como forma de pressionar o Palácio do Buriti a atender a categoria. Ou, pelo menos, deliberar um indicativo de greve e marcar um segundo encontro.
A dívida do Estado com os professores é de R$ 120 milhões, entre 13; salário para os nascidos em dezembro (uma parcela do benefício é paga no mês do aniversário do servidor) e rescisão contratual de 6 mil temporários. O imbróglio começou no fim do ano passado (veja Linha do tempo). O ex-governador Agnelo Queiroz (PT) não pagou os benefícios e deixou o débito para o sucessor, Rodrigo Rollemberg (PSB). O Sinpro-DF exige o quitamento à vista da dívida. O socialista, no entanto, assumiu o Executivo local garantindo ter um deficit de R$ 3,5 bilhões no caixa. Por isso, alega, não tem dinheiro para saldar os atrasos de uma só vez.
O sindicato se mostra insatisfeito com a solução encontrada pelo GDF e acompanha de perto as finanças do Palácio do Buriti. ;Tem recursos entrando, recolhimento de impostos funcionando normalmente. Queremos uma data certa para a quitação da dívida, não o parcelamento;, afirma Washington Dourado, um dos diretores do Sinpro-DF. Segundo ele, o sindicato está aberto ao diálogo, mas, diante de respostas que não agradem à categoria, o caminho mais provável será o da paralisação. ;Não tendo solução, vamos definir a linha de enfrentamento. Tudo pode acontecer, inclusive a greve.;
Apreensão dos pais
Enquanto governo e professores não se entendem, quem sofre são os alunos e as suas famílias. A corretora de seguros Luiza Cardoso, 43 anos, mãe de Gustavo, aluno do 5; ano da Escola Classe 403 Norte, critica o fato de até agora não saber como será a rotina da família nesta semana. ;Causa uma insegurança. É muito desagradável não poder se planejar;, reclama.
Ela conta que tem um local fixo de trabalho, mas também pode despachar da residência em que mora. Por isso, quando há paralisação, consegue ficar em casa com o filho. ;Agradeço por ter essa vantagem. Mas conheço muitas mães que, em tempo de greve, não têm onde deixar a criança. Imagina o desespero? Tudo isso por falta de responsabilidade do Estado. Entendo a posição dos professores, que estão com pagamentos atrasados do governo anterior. Mas quem sofre é a população;, ressalta.
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Com informações de Thiago Soares