Cidades

Há mais de meio século, aposentada coleciona peças em forma de coruja

Colecionadora de corujas há mais de meio século, aposentada reuniu um acervo com exemplares para todos os gostos, de papel machê a pingente de ouro, vindos de várias partes do mundo, do Ceará à Rússia

Luiz Calcagno
postado em 01/03/2015 08:16
;Esta foi a primeira. Meu filho viu em Copacabana, no Rio de Janeiro. Era da cor do armário da cozinha.; Enquanto conta, Lucy Estrela, 86 anos, exibe a primeira peça da coleção de estatuetas e souvenirs em forma de coruja. O primeiro exemplar não denuncia os sinais do tempo. Verde-esmeralda, de barro, ele se mistura nas prateleiras com os mais diferentes espécimes da ave de rapina moldados pela criatividade humana à imitação da natureza. Já se passaram 52 anos desde o encontro com os olhos grandes do pássaro, em uma loja de lembranças na capital carioca. De lá para cá, o número de companheiras emplumadas passou de mil. A última contagem, feita há dois anos, ostentava pouco mais de 14 centenas dos animais noturnos.

Lucy Estrela e as centenas de aves que decoram seu apartamento, na 114 Sul

Os armários da cozinha mudaram, bem como quase tudo na vida de Lucy, menos o amor pela família e a paixão pela ave, que ocupa quase todos os cômodos do apartamento na 114 Sul. Elas estão em fotografias, desenhos, pinturas e relógios. São estátuas de vidro com detalhes em ouro, de pérola, de barro, de papel machê. Algumas têm pêlo de verdade. Outras parecem fantásticas: talhadas em peças únicas de madeira, guardam, dentro de si, uma pequena coruja. Todas têm um olhar redondo, esbugalhado e marcante, acompanhado de um bico aquilino, mas cada um à sua maneira e com as próprias cores.



A história de amor começou anos antes de Lucy e os filhos comprarem o primeiro item da coleção. Como grande parte dos que vieram para Brasília no começo da nova capital, ela se lembra exatamente do dia em que chegou aqui. ;Foi em 17 de julho de 1960.; Ela era dona de casa e não tinha ambições de colecionadora. Dois anos depois, o marido morreu em um acidente de carro em Sete Lagoas (MG), atingido por um trem. No ano seguinte, em visita à terra natal com os filhos, enquanto se recuperava da perda, fitou os olhos redondos da estátua. ;Em algum momento, sinto que terei de sair do apartamento para que elas (as estatuetas) fiquem;, brinca.

A matéria completa está disponível aqui, para assinantes. Para assinar, clique aqui.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação