postado em 02/03/2015 09:41
Hoje, depois de meses longe dos livros, Sabrina Azevedo Filgueira, 8 anos, voltará para a escola. Ansiosa, a menina separou a mochila, os livros e os cadernos. O laço vermelho do cabelo também está na lista dos itens essenciais para o primeiro dia de aula. Mas a tranquilidade e a segurança que permitem que a criança retorne para o colégio estão ameaçadas. Um dos quatro remédios que Sabrina toma para controlar as crises convulsivas que tem está prestes a acabar. Em outubro do ano passado, a família conseguiu na Justiça o direito de receber o medicamento de graça. No entanto, a Secretaria de Saúde ainda não cumpriu a decisão judicial.
Sabrina nasceu com uma má-formação do cérebro que atrasa o desenvolvimento, dificulta a coordenação motora e provoca crises convulsivantes de difícil controle. Com quatro anos, ela teve o primeiro ataque e ficou dois dias internada no hospital. Desde então, a luta dos pais da menina é pela qualidade de vida dela. A cada crise, Sabrina se batia e se contorcia. Os episódios eram diários. A mãe, Patrícia de Azevedo Filgueira, 34 anos, que também sofre com alguns ataques, passou a ficar 24 horas ao lado da menina. A única fonte de renda da família é a do trabalho pai da menina, o analista de licitação, Fábio Filgueira Vergulho de Sousa, 35.
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Em setembro do ano passado, as crises se intensificaram tanto que Sabrina precisou ser socorrida pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). O médico responsável pelo caso prescreveu o anticonvulsivante Levetiracetam, além de outros dois remédios que ela já tomava. O valor de cada frasco do anticonvulsivo é R$ 750. Na primeira compra, Fábio vendeu as férias para o dono da empresa onde trabalha e conseguiu adquirir dois frascos. Em seguida, recebeu, por doação de conhecidos, a metade do medicamento do mês. ;As crises fortes reduziram muito, e ela, intelectualmente, se desenvolveu muito. Na última consulta, o psiquiatra notou a diferença. Agora, até quando ela nos dá uma resposta, nós comemoramos;, comenta Fábio, aos risos.
No entanto, os dias calmos estão contados. O remédio está quase no fim e a família não tem condições de comprá-lo. Além disso, em dezembro, Fábio precisou desembolsar R$ 3 mil para importar um medicamento à base de Canabidiol (CBD), uma das substâncias derivadas da maconha (leia a memória). O conjunto dos quatro remédios praticamente zerou as crises de Sabrina e lhe garantiu qualidade de vida para retornar aos estudos. ;Os melhores momentos dela aconteceram nos últimos seis meses;, conta o pai. Mas também gerou uma conta mensal no valor de R$ 2.500. Com o objetivo de economizar, até da natação Sabrina saiu.
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