postado em 07/03/2015 08:00
Em julho do ano passado, uma equipe do Corpo de Bombeiros, responsável pela área de Taguatinga, recebeu uma ocorrência por meio do telefone 193. Ao chegar ao local, havia um homem com crise convulsiva e, ao lado, um cachorro de nome Spike. O animal perseguiu a viatura por mais de 2km até que os militares permitissem que ele subisse no veículo. O sargento Celiomar Ferreira Couto, 42 anos, registrou a cena. O Correio conversou com o bombeiro que fez as gravações. Tamanha a repercussão, o vídeo é o mais visto do jornal, no canal do YouTube, com quase 1 milhão de visualizações.
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Celiomar, que trabalha há quase 20 anos na corporação, contou que nunca atendeu um caso como este. A ocorrência chegou pela manhã e, na descrição, um homem teria caído e batido a cabeça, próximo ao posto de atendimento do Departamento de Trânsito (Detran-DF), em Taguatinga. ;Quando chegamos ao local, a vítima ; dono do Spike ; sofria uma crise convulsiva. Um amigo e o cachorro estavam ao lado e acompanharam os primeiros procedimentos. Quando colocamos o rapaz na ambulância, percebi que Spike manifestaria a vontade de ir junto, então pedi ao colega da vítima que segurasse o cão.;
Mas Spike não se deu por vencido. Fugiu e correu atrás da ambulância. Quando a equipe percebeu que o cachorro os seguia, o carro havia percorrido quase 2km de distância do local da ocorrência. Celiomar pegou o celular de outro sargento e começou a gravar. ;Em determinado momento, o semáforo fechou, o animal emparelhou com o carro e tentou subir na viatura, aparentemente cansado, com a língua para fora. Como eu era o chefe da equipe naquele dia, pedi aos outros colegas para deixarem ele entrar na ambulância.; Em seguida, a vítima foi levada ao Hospital Regional de Taguatinga (HRT).
Como o fiel animal de estimação que se mostrou até aquele momento, Spike continuou acompanhando o dono. Ele entrou no hospital e ficou ao lado da maca até o dia seguinte, quando a vítima recebeu alta. Depois disso, ninguém mais soube do paradeiro do animal ou do dono, que é morador de rua.
O sargento e a família criam um poodle, Tomy, há 14 anos. Todos na casa consideram o cachorro um integrante do lar. O militar argumentou que, no momento em que viu Spike, lembrou do animalzinho de estimação dele: ;A amizade do Tomy por mim deve ser a mesma que o Spike tem pelo dono. Impossível não me colocar naquela situação;.
O bombeiro lembra que, no dia seguinte à divulgação das imagens na rede social, o número de pedidos de amizade e mensagens triplicou. Não apenas de Brasília, mas de vários lugares do Brasil e do mundo: ;Recebi mensagens de parabéns em diversas línguas. Foram tantas que não dava para responder a todas.; No canal do Correio no YouTube, o vídeo recebeu mais de mil curtidas e vários comentários. Várias pessoas ligaram no Batalhão de Taguatinga com interesse em adotar o Spike e ajudar o dono do cachorro. ;Pessoas de outros estados entraram em contato, veículos de imprensa do Japão, dos EUA, da China. Não imaginei que o vídeo tomaria essa proporção;.
Por mais que o bombeiro entenda a relação de amor entre Spike e o dono, ele se surpreendeu. ;Em todos estes anos de corporação, presenciei vários casos em que a vítima está com seis, sete familiares ao lado e, mesmo assim, é difícil convencer algum deles a acompanhar a pessoa na viatura até o hospital. O cachorro, às vezes, é mais companheiro do que muita gente;, acredita Celiomar.
Reveja o vídeo do cachorro que correu atrás da ambulância:
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