postado em 14/03/2015 11:42
Cercada por papéis e materiais plásticos de todos os tipos, Edvania Barbosa separa os resíduos descartados em diversos prédios de Brasília para reciclagem. Esta semana, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) lançou chamada pública para selecionar quatro entidades para fazer o trabalho em prédios do ministério e de outros órgãos em Brasília, por pelo menos seis meses.O edital é regulado por um decreto de 2006, estabelecendo que a separação dos resíduos recicláveis descartados pelos órgãos da administração federal devem ser destinados às associações e cooperativas dos catadores de materiais recicláveis. Catadora há cinco anos, Edvania sustenta sozinha os quatro filhos com o dinheiro que ganha no trabalho de triagem do lixo.
;As pessoas jogam muita coisa fora. Para uns isso não vale nada, mas para nós é o sustento da família. E ainda estou cuidando do meio ambiente, do futuro dos meus filhos e netos;, diz a catadora. Edvania e outras 15 pessoas fazem parte da cooperativa de catadores Renascer. A entidade recolhe lixo descartado em locais como Câmara dos Deputados, ministérios e prédios privados, leva para um espaço a aproximadamente 30 quilômetros do centro de Brasília, na região administrativa Sobradinho, e separa o material.
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;Isso é justamente para trazer um impacto de geração de renda, uma vez que o governo federal tem um volume muito grande de produção de material e no mercado da reciclagem o papel possui alto valor agregado;, diz Sílvia Gonçalves, responsável pelo projeto no MDS sobre coleta do lixo para reciclagem.
Os documentos devem ser entregues até 20 de março. Para participar deste e de outros processos seletivos semelhantes, é preciso que as associações ou cooperativas sejam formadas exclusivamente por trabalhadores que tenham a catação como única fonte de renda. Também devem ser entidades sem fins lucrativos, que tenham infraestrutura para realizar a triagem e a classificação dos resíduos descartados.
O presidente da cooperativa Renascer, Bernardino Bispo da Silva, que já participou do projeto no MDS e vai tentar mais uma vez trabalhar com o ministério, diz que a vida de todos os cooperados mudou, depois que eles se juntaram e deixaram de procurar lixo na rua, para separar os resíduos de prédios públicos e privados de Brasília.
;A gente pega o lixo em vários prédios, separa e revende o que é possível para uma empresa de reciclagem. Todo o dinheiro fruto do nosso trabalho é dividido igualmente entre os cooperados, que sustentam suas famílias com esse trabalho;, explica Silva.
Fábio de Jesus Silva, também integrante da cooperativa Renascer, entretanto, cobra mais respeito com os catadores. ;Todo mundo sabe o que é coleta seletiva, mas ninguém separa o lixo - uma coisa tão fácil. Misturam orgânico com papel, jogam vidro quebrado no meio do material para reciclagem. É uma falta de respeito que às vezes entristece. Mas tenho orgulho do meu trabalho;, afirma.