Cidades

Obra de arte urbana em Brasília entra em mapeamento do Google

Projeto de intervenção urbana começou em São Paulo e veio para Brasília no início do ano passado; agora, entra em mapeamento especial

postado em 17/03/2015 18:24

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O projeto Street art do Google adicionou nesta terça-feira (17/3) a imagem de uma intervenção artística de Brasília. O Monza abandonado na DF-140, customizado com tinta e spray, aparece entre as últimas atualizações da galeria virtual. No mapa interativo, é possível ver a obra de um grupo de São Paulo ; a pintura foi feita em janeiro do ano passado. O Carro tamanduá é a única obra de arte urbana da capital a aparecer no mapa até agora. ;A pessoa passa na rua, vê aquilo, acha interessante. Não somos grafiteiros. Lidamos com o descaso;, defende Felipe Carrelli, idealizador do projeto Ocupe carrinho.

Carro tamanduá, obra de arte urbana de Brasília exibida no projeto do Google Street art

O carro incendiado estava no mesmo local ; entre São Sebastião e Santa Maria ; dois meses antes da intervenção artística. Felipe conseguiu a permissão do dono e, com a ajuda da namorada e do cunhado, ambos de Brasília, pintou o automóvel. Crianças da comunidade também participaram da pintura. ;Até janeiro deste ano, ele ainda estava lá, mas só sobrou a carcaça pintada;, conta.

O projeto coletivo, segundo Felipe, tem significados diferentes para cada um dos envolvidos. Para ele, a intervenção aborda o problema do abandono e do descaso em cidades e propõe soluções criativas. ;É uma intervenção participativa. Pegamos algo abandonado e sem utilidade para dar um novo significado;, afirma Felipe. Ele considera a proposta mais política que artística, para chamar as pessoas para as ruas e para ocupar espaços públicos abandonados: "A ideia é criar algo lúdico e participativo, sem padrões estéticos".

Além da customização com tinta, o Ocupe carrinho coloca mudas de plantas ; como manjericão e boldo ; nos carros. Para Juliana Soares, outra integrante do grupo, esse detalhe chama a atenção. ;Nós plantamos, além do literal, uma flor metafórica na cidade, que são as ideias de que podemos fazer daquilo tudo um lugar melhor;, filosofa.

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Do abandono à tinta
Sem patrocínio, tintas, pincéis, máscaras e luvas são bancados do próprio bolso, assim como o transporte e outros gastos. Felipe idealizou o projeto em 2012 a partir do BaixoCentro, um festival de rua colaborativo. Ele chamou os amigos Tobias Rodil e Thiago Carvalhaes, que abraçaram a causa. O primeiro carro remodelado pelo grupo estava em Santa Cecília, perto do centro de São Paulo. ;É um bairro muito carente, então pensamos em ocupar espaços públicos e trazer arte e cultura para essa região;, explica Felipe. Ele conta que o automóvel estava abandonado há cerca de seis meses e era usado como depósito de lixo.

Todas as ações foram filmadas pelo grupo, para garantir o registro de intervenções que podem ser muito efêmeras, já que muitos carros foram destruídos ou removidos pela prefeitura. ;O primeiro durou três dias, um catador cortou no meio e levou;, afirma. Os vídeos servem, também, como mais um produto da intervenção.

Felipe e Juliana são formados em Imagem e Som pela Universidade Federal de São Carlos. Ele trabalha com fotografia, produções audiovisuais e também dá oficinas sobre o assunto, mas nunca teve contato com pintura antes de iniciar o projeto de intervenção em carros. O Ocupe carrinho já fez intervenções em São Paulo, Brasília, Manaus e Buenos Aires. A continuidade do trabalho este ano depende da disponibilidade de novos automóveis.

Mapa interativo
O Street art faz parte do Instituto Cultural do Google, iniciativa da gigante de tecnologia lançada em 2011, com o acesso na internet a exposições, fotografias e acervos. O Projeto de Arte, outro braço do instituto, agrega coleções de arte do mundo inteiro. O Maravilhas do mundo, por sua vez, agrega imagens de patrimônios da humanidade.

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