A pergunta, o silêncio e a resposta que mudaria não só a capital federal, mas o país como um todo. Há 60 anos, o aparte de Antônio Soares Neto, o Toniquinho da Farmácia, no primeiro comício do então candidato a presidente Juscelino Kubitschek, repercutiu alto. Calou as trovoadas no céu de Jataí, em Goiás, a plateia de 5 mil ouvintes e até mesmo o falante homem público. O jovem corretor de seguros tinha 29 anos à época e, sem planejamento prévio, questionou o político sobre a intenção de trazer para o centro do país a sede do poder. A transferência era um dispositivo previsto pela Constituição de 1946, mas até aquele momento havia sido protelada pelos governos anteriores. No entanto, em 4 de abril de 1955, a letra (nem tão) morta da Carta Magna avivou-se. Em pouco mais de quatro anos, tomou forma, traço e curva: nasceu Brasília.
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O tempo se conta em largas dezenas para Toniquinho. São seis décadas desde o dia em que interpelou JK. Em outubro, ele completa nove décadas de vida, com lucidez invejável. A memória não lhe rouba, em momento algum, os detalhes daquele 4 de abril. As cenas fluem com naturalidade, salpicadas por um humor discreto, que dá comichão por dentro. É aquela graça típica dos proseadores conterrâneos, como o saudoso Geraldinho.
A notícia da vinda do candidato pelo PSD à cidade goiana chegou por meio de telegrama uma semana antes. Naquela época, telefone era recurso de municípios maiores, como a capital Goiânia. ;O telefone só chegou a Jataí em 1957;, lembra. O comunicado veio em horário nobre, na hora da missa de domingo, endereçada ao deputado e líder do partido na cidade, Serafim Carvalho. ;Ele me chamou e disse: ;Toniquinho, vem cá. Vá levar esse telegrama à casa do prefeito e depois vá lá para casa para agilizarmos os preparativos para a chegada do candidato.; Isso foi em um domingo e ele ia chegar na outra semana;, conta.
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