Cidades

Ações no DF incentivam a inclusão de deficientes em diversas atividades

O intuito é fazer com que todos frequentem, sem preconceito, os mesmos locais e tenham a mesma experiência que qualquer outra pessoa teria

Ailim Cabral
postado em 29/03/2015 07:00

Natan contou com a ajuda de um equipamento descoberto pelo professor

Dançar, praticar esportes, fazer aula de educação física e assistir a exposições de arte são atividades comuns para a maioria das pessoas. Com Natan, Flávio, Paulo, Mateus e Sabrina, essas experiências têm um valor diferente. Com diferentes formas de deficiência, eles tentam se inserir ns atividades a fim de tomar conta de um espaço que pertence a todos, mas que lhes foi negado por muito tempo. É pertencer, assumir um papel na sociedade e não se limitar às atividades destinadas exclusivamente aos que possuem necessidades especiais: eles querem participar da cidade como qualquer outra pessoa. As iniciativas realmente inclusivas são raras. O Correio reuniu quatro ações que deram certo e mostram uma Brasília mais acolhedora e abrangente.

Em uma delas, Natan Carapeba Neri de Oliveira, 11 anos, não cabe em si de alegria. Não é uma festa de aniversário ou um dia no parque, mas sim uma aula de educação física. Ele percorre a quadra de esportes em uma espécie de skate adaptado puxado pelos amigos e participa de gincanas. A atividade é algo relativamente novo para Natan. Somente há cerca de um ano é que ele pôde se sentir mais incluído. O menino teve paralisia cerebral no nascimento, o que desencadeou deficiência motora e cognitiva, além da necessidade de doses trimestrais de medicações pesadas. Os braços e as pernas de Natan são fracos e não se desenvolveram adequadamente. Ele tem ainda uma epilepsia controlada e uma condição degenerativa, causada pelo fato de nunca entrar em sono profundo.

Pensando em Natan e em outros alunos com necessidades especiais, o coordenador e professor de educação física do Maristinha de Brasília, Gustavo Chagas, trouxe um equipamento diferente dos Estados Unidos: o scooter board. É uma espécie de tábua de madeira ou plástico com rodinhas, que lembra um carrinho de rolimã. A experiência fez tanto sucesso que o colégio optou por confeccionar mais 12 equipamentos. Os alunos sentam ou deitam no scooter board e participam de gincanas. O interessante é que o scooter board não é usado só por Natan, mas por todos os estudantes.

;Eu monto uma aula para a turma inteira, todos usam o scooter board. Se eu fizesse uma aula diferente só para o Natan, ele poderia até se divertir, mas não estaria incluído ou interagindo com os outros alunos;, afirma Gustavo. Natan afirma que a aula é tudo para ele. ;Eu adoro educação física, é minha aula preferida. A vida assim é muito melhor;, completa. Gustavo afirma que, depois que Natan passou a fazer parte da aulas, melhorou em diversos aspectos. ;Evoluiu muito no social, ganhou respeito da turma e as outras crianças aprenderam a lidar com os limites dele. Ele se desafia e cresce.; O menino também melhorou no aspecto da mobilidade. Gustavo afirma que a forma com que as outras crianças aprendem a lidar com as diferenças é primordial para uma geração mais tolerante e menos preconceituosa.

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