Cidades

Dia de perdão: conheça histórias inspiradoras neste domingo de Páscoa

Conheça a trajetória de pessoas que conseguiram sublimar uma traição, um abandono e até uma dor avassaladora. A deputada Keiko Ota não só desculpou os assassinos do filho, como propôs uma lei para instituir um dia de reflexão e celebração da paz

postado em 05/04/2015 07:00
O último gesto de Jesus antes de morrer crucificado foi o perdão. O filho de Deus pediu a remissão dos atos cometidos pelos soldados romanos: ;Pai, perdoa-lhes, porque eles não sabem o que fazem;. Na passagem, uma das mais conhecidas e emblemáticas da Bíblia, permanece uma lição para todos que não desfrutam da elevação espiritual do Cristo. Não é fácil deixar de lado a mágoa de alguém que provocou sofrimentos, como o abandono ou a traição. Mas há quem encontre forças para desculpar. E, todos são unânimes, o maior beneficiado é quem concedeu o perdão.

A deputada Keiko Ota (PSB/SP) perdoou os três assassinos do filho Ives Yoshiaki Ota, de 8 anos. Em 1997, ele foi sequestrado, morto com dois tiros e enterrado embaixo do berço da enteada de um dos criminosos. ;Não sei descrever a dor que senti quando o Ives partiu. Mas o ressentimento e o ódio viram um fardo. Foi muito difícil, mas, perdoando os algozes do meu filho, consegui surpreender até os médicos. Eles diziam que eu não podia engravidar e eu tive uma filha;, diz. A parlamentar paulista transformou a tragédia em causa e, agora, quer instituir o Dia Nacional do Perdão. O Projeto de Lei n; 6.128/2013 teve o parecer aprovado na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania ( CCJC ) e, desde 25 de março, está na Mesa Diretora da Câmara dos Deputados.

Por 19 anos, Anderson guardou uma mágoa do pai, Edson, que chegou a deixá-lo doente: hoje, são melhores amigos

Se virar lei, será um dia de reflexão e de celebração da paz, segundo a parlamentar. A data será 30 de agosto, dia em que Ives morreu. ;Se todo mundo perdoar alguém, estaremos realizando a paz. Hoje, diversos homicídios são cometidos por motivos fúteis. Crimes de ódio que poderiam ser evitados com a cultura do perdão;, diz Keiko Ota Keiko (Leia três perguntas para).

O empresário Anderson Guimarães, 43 anos, não tem mais insônia. As doenças graves não identificadas pelos médicos desapareceram desde o dia em que ele deixou de lado a mágoa que nutria pelo pai, Edson Guimarães, 67. Quando Anderson tinha apenas 11 anos, o pai saiu de casa. ;A gente pediu muito para ele não ir. Ele disse que não estaria em casa quando voltássemos da igreja. Espalhamos cartazes dizendo que o amávamos, mas não teve jeito. Quando chegamos, o armário estava aberto e vazio e ele nunca mais voltou;, conta.

Edson era o melhor pai do mundo, segundo Anderson, e o vazio se transformou em mágoa, aos poucos. ;Eu, minha mãe e meus dois irmãos nos abraçamos e choramos o domingo inteiro. Fui reprovado de ano na escola, porque sofri demais;, relata. O sentimento ruim aumentava nos dias em que Anderson lembrava todas as vezes em que o pai fazia carrinho de rolimã, jogava bete e pião. ;Só pensava que aquele tempo perdido nunca seria recuperado. Eu estava crescendo e ele não estava ali;, lamentou.

Anderson ficou doente. Fez uma série de exames, mas o diagnóstico nunca era conclusivo. Dezenove anos depois, o empresário teve uma conversa com a mãe que mudou o rumo da história. ;Ela me contou as dificuldades vividas pelo meu pai na infância. Consegui perceber que ele também sofreu muito. Depois disso, o procurei. Conversamos, choramos e eu disse a ele: ;Para mim, você ainda é o melhor pai do mundo;;, contou.

Hoje, Anderson e Edson são melhores amigos. As doenças inexplicáveis desapareceram. ;Amargura vira câncer. Quando perdoei, minha vida seguiu. Impressionante como passei a viver de novo;, relatou o empresário. A lição ficou para todos os dias do ano. ;Se tenho problemas, procuro a pessoa e peço perdão. Tenho uma filha maravilhosa. Não estou com a mãe dela, mas somos amigos e mantemos uma relação muito próxima.;

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