O senador Hélio José (PSD-DF) e o líder do PSD na Câmara dos Deputados, Rogério Rosso (DF), são próximos politicamente. E assim decidiram manter tudo em família na hora de escolher as equipes dos gabinetes. Em 12 de janeiro, logo após tomar posse como senador, Hélio nomeou para o gabinete uma irmã de Rosso, a contadora Gabriela Schumann Rosso, com salário líquido de cerca de R$ 11,6 mil. Quase dois meses depois, em 4 de março, Gabriela foi transferida para a liderança do PSD no Senado. Em 17 de março, Rogério Rosso nomeou uma das filhas de Hélio, Isabella Tainá, para a própria equipe na Câmara, com salário de R$ 3,8 mil. Os dois parlamentares negam que as nomeações sejam fruto de acerto e defendem o profissionalismo das duas funcionárias.
No fim da tarde de ontem, depois de questionado pela reportagem do Correio, Rosso encaminhou uma consulta ao diretor-geral da Câmara, Sérgio Sampaio, sobre se haveria alguma irregularidade na ;situação hipotética; de contratação cruzada de parentes entre parlamentares das duas casas. Rosso também decidiu exonerar a filha de Hélio ;para não a expor; antes resultado da consulta. O deputado disse que vai sugerir à liderança do PSD no Senado a exoneração da irmã. ;Para não restar dúvidas sobre a transparência dos atos.;
Nas respostas à reportagem, tanto Hélio quanto Rosso disseram que, como Câmara e Senado são órgãos distintos, não se pode falar em nepotismo cruzado, uma vez que o tema não está regulamentado no Poder Legislativo. No Executivo e no Judiciário, porém, o nepotismo cruzado é vedado, inclusive em órgãos diferentes. Sem citar os nomes dos parlamentares, o Correio procurou o professor da Universidade de Brasília (UnB) e especialista em administração pública José Matias-Pereira para avaliar o caso. ;Pode até ser que a argumentação deles tenha algum sentido do ponto de vista estritamente legal. Mas é óbvio que há um problema ético, um conflito de interesses;, disse Matias-Pereira ao ser informado da justificativa dos políticos.
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