Cidades

Investigação sobre estupro depende da escolha de representante do MP

A vítima é uma kalunga de 12 anos. O suspeito é vereador em Cavalcante

Renato Alves
postado em 15/04/2015 06:06

Menina de 12 anos mãe de um recém-nascido: violência desmedida

Um promotor será escolhido pelo Ministério Público de Goiás (MPGO) para cuidar do estupro que tem como vítima uma kalunga de 12 anos e como indiciado o vice-presidente da Câmara Municipal de Cavalcante (GO), Jorge Elias Ferreira Cheim (PSD), 62 anos. A promotora que recebeu o inquérito, Úrsula Catarina Fernandes Siqueira Pinto, se declarou suspeita. Respondendo pela Comarca do município há 18 anos, ela é casada com um primo do vereador, que teve a prisão preventiva pedida pela Polícia Civil ; a Justiça aguarda o parecer de um integrante do MPGO para decidir se acata ou nega a solicitação. Mas, por enquanto, não há um substituto definido.

Como mostrou o Correio na edição de domingo, meninas descendentes de escravos nascidas em comunidades kalungas da Chapada dos Veadeiros são entregues pelos pais a moradores de Cavalcante, por falta de uma escola com ensino médio na cidade e qualquer possibilidade de emprego, além do trabalho braçal, em terras improdutivas nos povoados onde nasceram. Na localidade de 10 mil habitantes, a 310km de Brasília, a maioria trabalha como empregada doméstica em casa de família de classe média. Em troca, ganha comida, um lugar para dormir e horário livre para frequentar as aulas na rede pública. Mas fica exposta a todo tipo de violência, incluindo a sexual, geralmente cometido pelos patrões, homens brancos e com poderes econômico e político.

As vítimas têm entre 10 e 14 anos. Os autores, de profissionais liberais a políticos, de 20 a 70. Desde dezembro, policiais civis decidiram dar prioridade às ocorrências do estupro de vulnerável ; em que a vítima tem menos de 14 anos. Concluíram até agora oito inquéritos. O mais recente tem como indiciado Jorge Cheim (PSD). Há duas semanas, um laudo comprovou o estupro da kalunga que morava na casa dele. O delegado Diogo Luiz Barreira pediu a prisão preventiva de Cheim, que, além de vereador por três mandatos, é ex-prefeito de Cavalcante e marido da atual vice-prefeita de Cavalcante, Maria Celeste Cavalcante Alves (PSD).

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