postado em 29/04/2015 14:44
O Sindicato dos Policiais Civis do Estado de Goiás (Sinpol-GO) estabeleceu o prazo de 40 dias para que a situação de guarda de presos na Delegacia de Planaltina de Goiás seja solucionada pelo Estado. Atualmente, 23 detentos dividem duas celas na unidade. A categoria alega que o cenário vivido causa insegurança para os investigadores trabalharem no local. ;Fazer guarda e escolta de preso não é a função da Polícia Civil;, afirmou o presidente da instituição, Paulo Sérgio Alves de Araújo.[SAIBAMAIS]Desde que a cadeia pública do município foi interditada pela Justiça, em 21 de agosto de 2014, os presos em flagrante pela Polícia Civil passaram a ficar reclusos na delegacia. Os detidos não recebem visita de familiares, nem podem receber alimentos de fora. Com isso, desde que a unidade passou a manter os homens no cárcere, as atividades administrativas também foram prejudicadas pelo serviço de guarda. A delegacia tem capacidade para quatro presos, mas sempre vive em superlotação nas celas.
;É uma situação ilegal. Isso representa insegurança não somente para os policiais como também para a sociedade. A delegacia não tem condições de abrigar presos. As investigações também ficam prejudicadas;, argumentou Paulo Sérgio. Na manhã desta quarta-feira (29/4), o presidente do Sinpol-GO se reuniu com agentes da unidade. ;São 40 dias, para que alguma medida seja tomada. Se nada resolver, não vamos mais fazer a guarda de presos;, completou.
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A obra para ampliação de capacidade de lotação em 88 vagas do presídio de Planaltina de Goiás está em andamento. A entrega seria em março, conforme estabelecido pela Secretaria de Estado da Administração Penitenciária e Justiça (Sapejus), mas no entanto apenas 90% das obras, feitas em parceria com a prefeitura do município, estão prontos. ;Solicitamos à Sapejus um complemento no orçamento para terminar as obras. Enquanto não for liberado não dá para precisar quando estará pronto. As obras estão bem adiantadas;, argumentou o engenheiro civil da Secretaria de Obras, Fábricio José Rodrigues.
Casos
O local já foi palco de vários episódios degradantes. Em janeiro deste ano, cerca de 20 detentos atearam fogo em colchões. O grupo reclamou da comida fornecida e das condições subumanas da delegacia. Em 6 de abril, dois homens fugiram pelo telhado de uma das celas. Uma morte também já foi registrada na unidade policial. Ediclê Figueredo Souza, 38 anos, foi encontrado morto com sinais de espancamento em 23 de fevereiro. Ele tinha sido preso um dia antes por dirigir embriagado pelas ruas da cidade.
A Justiça também já determinou a soltura de vários presos da unidade policial. O Correio mostrou, em setembro do ano passado, que adolescentes apreendidos ficavam junto aos detentos. Apesar de permanecerem em celas diferentes, a comunicação entre eles ainda era possível, algo não permitido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).