Cidades

Ministério do Turismo mobiliza taxistas contra exploração sexual infantil

Dados da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República indicam que, em 2014, foram registradas 5,4 mil denúncias ao Disque 100

postado em 29/04/2015 14:22
Coordenador de Proteção à Infância, Adelino Neto (à direita) explicou que as ações serão articuladas pelos agentes que lidam direta ou indiretamente com os turistasxual infantil
Representantes do Ministério do Turismo e do Sindicato dos Permissionários de Táxi e Motoristas Auxiliares do Distrito Federal (Sinpetaxi) se reuniram hoje (29) para reafirmar parceria entre os taxistas e o governo no combate à exploração sexual infantil. O estímulo às novas ações é o volume de turistas que devem chegar ao país para os Jogos Olímpicos de 2016.

De acordo com o coordenador-geral de Proteção à Infância do Ministério do Turismo, Adelino Neto, as ações serão articuladas por aqueles agentes que lidam direta ou indiretamente com os turistas. "O taxista é fundamental para evitar que o explorador seja levado à vítima. Nosso trabalho com os motoristas é fazer com que eles integrem a rede de proteção à infância no âmbito do turismo", disse o coordenador.

Dados da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República indicam que, em 2014, foram registradas 5,4 mil denúncias ao Disque 100. O estado que mais recorreu ao serviço foi São Paulo, com 669 ligações, seguido por Minas Gerais, com 448 denúncias, e Rio de Janeiro, com 435 ligações.

Para Adelino Neto, o número de ocorrências poderia ser maior se as pessoas conhecessem os direitos das crianças e os canais de denúncia. "Consideramos que o número de denúncias foi pequeno [em 2014], porque nem todas as pessoas conversam sobre o assunto", destacou.

Segundo taxistas, a prática é recorrente, com hora e local para sua ocorrência. "Esse tipo de crime costuma ocorrer em hotéis. Segundo Amauri Machado, taxista há 8 anos, o "cliente" chega nos pontos ou hotéis e pergunta onde podem encontrar suas "vítimas". "Para dar resultado, o trabalho tem de ser feito em conjunto e onde são prestados serviços para o turista", acrescentou Machado.

Alessandro Alves, 33 anos, concorda com o colega. "Normalmente à noite é que os "clientes" buscam meninas. Muitos procuram por menores de idade", afirmou. Em Brasília, de acordo com o conselheiro tutelar Ronny Wilson, o local mais vulnerável à exploração sexual é na cidade satélite da Ceilândia, a mais populosa do Distrito Federal.

"Constantemente recebemos denúncias. Em 2013, o conselho atendia, em média, uma ou duas crianças por dia por abuso. A recomendação é que as pessoas não fiquem de braços cruzados. Usem o Disque 100 ou entre em contato com a delegacia mais próxima", esclareceu.

O crime de exploração sexual de vulneráveis é hediondo, inafiançável e com penas que variam de quatro a dez anos de reclusão. Todas as denúncias podem ser feitas sob anonimato pelo Disque 100. O serviço é gratuito, funciona 24 horas e, após receber a denúncia, aciona os órgãos responsáveis pela coerção das práticas de violação de direitos.

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