O arquiteto Carlos Magalhães da Silveira, aos 82 anos recém-completados, conhece Brasília como poucos. Participou de obras importantes, como a da Escola Classe 308 Sul, do Cine Brasília e da Catedral Metropolitana. Representou o escritório de Oscar Niemeyer. Viu a capital nascer e acompanhou, nos últimos anos, o desvirtuamento das características que deram à capital o título de Patrimônio Cultural da Humanidade. O defensor dos ideais de Lucio Costa acredita que o novo governo tem nas mãos a oportunidade de proteger a cidade das agressões, mas afirma que é preciso ter coragem para tomar decisões.
Carlos Magalhães divide a vida em Brasília, desde a chegada em 1959, em três etapas. Ao descer no Planalto Central, instalou-se no acampamento Pederneiras, na Vila Planalto. ;Nunca tinha andado de avião e, ao me aproximar da pista, olhei aquele enorme canteiro de obra, e, depois, o aeroporto singelo, tão acolhedor, quase provinciano;, recorda-se. Participou de obras importante da cidade, acumulou funções até ser escolhido para conduzir a obra da Catedral. ;Fui sorteado, digo que tirei a sorte grande no trabalho. À época, a Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) não queria uma empresa, queria construir com recursos, com homens próprios;, comentou.
Depois de tanto se envolver com a construção da capital, voltou para o Rio de Janeiro a convite de Oscar Niemeyer para refazer o escritório dele na cidade. Esse foi considerado por Magalhães o segundo momento de sua vida profissional. O arquiteto das curvas no concreto estava ausente, viajava o mundo para imprimir sua marca. Carlos Magalhães, no entanto, nunca deixou de visitar Brasília, onde ainda tocava obras. ;O terceiro momento começou em 1985, quando Oscar me indicou a José Aparecido, então governador, para ser secretário de Obras. Mudei para Brasília sem querer, porque tive um problema de visão e estava cego, achava que não conseguiria trabalhar mais, mas vim;, contou. E está até hoje na cidade que o acolheu, assim como a tantos trabalhadores.
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