Cidades

A cada 27 horas, um caso de injúria racial é registrado no Distrito Federal

As quase mil ocorrências de injúria registradas nos últimos três anos mostram a frequência com que negros sofrem ofensas na capital federal. A maioria dos casos ocorre no Plano Piloto, em Taguatinga e Ceilândia

postado em 07/05/2015 06:00 / atualizado em 14/10/2020 12:28

 

Foram 944 ocorrências contabilizadas entre 2012 e o ano passado. Brasília, Ceilândia e Taguatinga estão entre as cidades com mais registros em 2014. Os dados fazem parte de um relatório da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos do DF (Semidh) com base em ocorrências registradas na Polícia Civil.

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A Semidh ainda não fechou o levantamento de 2015, mas o caso mais recente é o da jornalista Cristiane Damacena, xingada depois de postar um retrato em uma rede social. A injúria racial foi registrada na 26ª DP (Samambaia), onde a vítima prestou depoimento ontem à tarde. Segundo investigadores do caso, a jovem estava abalada e nervosa e afirmou desconhecer os responsáveis pelos xingamentos A investigação ainda não conseguiu apontar suspeitos. Só no ano passado, foram 303 ocorrências como a dela. Em 2013, 338; e em 2012, ano de lançamento do Disque-Racismo (156), 303.

 


Foram tantas situações de racismo vividas pela estudante Priscila de Fátima dos Santos, 26 anos, que ela tem até dificuldade para listá-las. Em um dos casos, porém, ao prender o cabelo trançado com rastafari, um homem ao lado dela disparou: deve ter muitos piolhos. “Eu fiquei tão nervosa que não consegui nem reagir do jeito que deveria”, lembra. A intolerância por ela ser negra começou quando era ainda pequena, na escola. “Chamavam-me de macaca, de feia. Eu não sabia como reagir e era agressiva. Hoje, aprendi que preciso revidar com inteligência. Não posso juntar a ignorância dessa pessoa com uma ignorância minha”, explica.

 

 

 

Além de negra, Priscila é umbandista. Com isso, segundo ela, o preconceito de alguns grupos é ainda maior. “Vai muito de o governo não trabalhar bem a cultura negra do Brasil ainda nas escolas”, reclama. A avó dela era neta de escravos, e o avô, neto de indígenas. “Quando eu era criança, a minha família não trabalhou comigo essa questão de ser negra. Eu sempre gostei do meu cabelo enrolado, mas chegaram até a alisá-lo. Há nove anos, uso natural. Mas não é só o cabelo. É preciso ter orgulho”, afirma.

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