Cidades

Governo do DF admite dificuldades no atendimento de dependentes químicos

Acumulam-se histórias de mães que, em momentos de desespero, acorrentam ou amarram os filhos para não os deixar sair de casa e consumir entorpecentes

postado em 08/05/2015 06:06

Acumulam-se histórias de mães que, em momentos de desespero, acorrentam ou amarram os filhos para não os deixar sair de casa e consumir entorpecentes

O desespero de uma mãe presa na última quarta-feira por acorrentar o filho para evitar o uso de drogas não é uma exceção. Sem ter a quem recorrer ou, em alguns casos, com decisão judicial favorável ao tratamento, essas mulheres adotam medidas extremas para preservar a vida delas e a família. Maria das Dores Oliveira, 58 anos, havia amarrado Marlisson Davi Oliveira, 29, no mês passado. Ele ficou três dias preso dentro de casa, foi levado para internação, mas liberado pouco depois. Após inúmeras tentativas, a comerciante viu-se sozinha. Assim como ela, outras mães lutam para tratar os dependentes químicos e com distúrbios mentais. A Secretaria de Saúde afirma que oferece atendimento nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPs).

Em depoimento aos investigadores da 11; Delegacia de Polícia (Núcleo Bandeirante), Maria das Dores chorou e disse que preferia ser presa a deixar o filho sair para a rua. Segundo o relato da comerciante, ela ;tentou de todos os meios e não tem mais condições psicológicas; de vê-lo com pessoas ;perigosas; e entregue a doenças e às drogas. A corrente usada por ela tem 8m e era trancada com dois cadeados grandes. Maria das Dores não tinha passagem pela polícia até então. Agora, pode ficar até 5 anos presa por cárcere privado. Ela está na Penitenciária Feminina, no Gama.

O delegado responsável pelo caso, Victor Dan, explica que esta é a segunda vez que Marlisson fica acorrentado em 2015. Em abril, ele conseguiu ajuda da Polícia Militar depois de três dias preso em casa. ;Foi levado para o Hpap (Hospital Pronto Atendimento Psiquiátrico), mas liberado porque não apresentava sinais de agressividade. Voltou para casa, e a mãe o acorrentou de novo;, explica o chefe da 11; DP. Marlisson alegou que a mãe o acorrentava para que ficasse agressivo e, assim, ela conseguisse a internação. ;Sabemos que essa mãe agiu por amor e para defender o filho, mas a polícia não pode entrar nesse mérito. Nada temos a fazer, a não ser cumprir a lei;, resume o delegado. A polícia soube da história depois de Marlison, acorrentado por quatro dias, conseguir chegar à janela de casa e pedir socorro.


O coordenador do Núcleo da Saúde da Defensoria Pública do DF, Celestino Chupel, acompanha o caso de Marlisson há alguns anos. Nesse tempo, ele foi internado no Hospital de Base do DF graças a uma decisão judicial, mas, depois de algum tempo, a Justiça entendeu que ele não precisava mais do atendimento. Desde então, a mãe luta para conseguir o tratamento compulsório.

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