Cidades

Pequenos comércios sobrevivem com a venda de produtos à moda antiga

De máquinas de escrever à digitalização de imagens em VHS: o problema está na formação de novos profissionais

Adriana Bernardes
postado em 11/05/2015 06:06
De máquinas de escrever à digitalização de imagens em VHS: o problema está na formação de novos profissionais
Numa pequena loja na W3 Sul, um comércio de mais de 60 anos desafia o tempo e os avanços da tecnologia. Máquinas de datilografar de todos os tipos preenchem as prateleiras e garantem o sustento da família de Uacy Mendes da Silva. Na Asa Norte, Arturo Ramos Hurtado resgata imagens gravadas em fitas VHS e as digitaliza. Retira o mofo, a poeira e, se o cliente tiver ;bolso fundo;, ainda apaga os riscos e as bolinhas escuras da película. Na Asa Sul, aparelhos de som com mais de 50 anos se misturam aos equipamentos contemporâneos à espera de conserto na loja de José da Silva Barros. E perto dali, Felipe Andrade Limeira, um professor de história, toca a sapataria herdada do pai há 12 anos.

Em comum, Uacy, Arturo, José e Felipe resistiram às mudanças do mercado, sobreviveram às crises econômicas e seguem em um tipo de negócio à moda antiga. Não quer dizer que não tenham se adaptado à nova realidade ao longo dos anos. Pelo contrário, encontram maneiras de continuar felizes no ofício. Uacy, dono da loja de venda e reparo de máquinas de escrever e de calcular e de mimeógrafos, entrou no ramo aos 8 anos, em Tocantinópolis, à época em que o município pertencia a Goiás. ;Aprendi a datilografar aos 7. Um ano depois, dava aulas para a professora de francês do ginásio e tinha mais uns 18 alunos. Naquele tempo, datilografar era coisa muito importante de se saber;, conta o senhor de 72 anos.

O menino chegou a Brasília aos 14 anos e foi direto ao Núcleo Bandeirante. Na Avenida Central n; 750, em frente ao Mercado Diamantina, abriu a primeira escola de datilografia da capital. A sala encheu e ele viu a necessidade de ampliar o negócio. Passou a vender e a consertar os equipamentos. Na década de 1980, mudou-se para a W3 Sul, onde está até hoje.

A demanda pelo curso de datilografia minguou. Com a popularização do computador, Uacy se viu na obrigação de diversificar o negócio mais uma vez. ;Eu tentei importar computadores duas vezes, mas não deu certo. Decidi, então, continuar com as máquinas de datilografia;, conta. Ao lado da Olivetti Lexikon 80, fabricada nos anos de 1960, Uacy conta que a clientela é diversificada. ;Tem gente mais velha, que nunca se adaptou à tecnologia dos computadores. Já os jovens chegam curiosos e dizem que as máquinas de datilografar são computadores que escrevem e imprimem ao mesmo tempo;, lembra, rindo.

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