Cidades

Em depoimento, ex-governador Arruda fala sobre panetones

Ele reafirma que os R$ 50 mil recebidos de Durval Barbosa eram para doações a entidades filantrópicas, diz que tem imagens para provar e confessa que os repasses ocorriam de forma "não muito controlada"

Helena Mader
postado em 16/05/2015 08:06

Acusado de falsificar recibos para justificar o repasse de dinheiro de Durval Barbosa, o ex-governador José Roberto Arruda prestou depoimento ontem na 7; Vara Criminal do Distrito Federal e negou as denúncias. O interrogatório ocorreu depois de sucessivas tentativas de o Judiciário notificar o réu sobre a realização da audiência. A defesa de Arruda chegou a informar um endereço errado em São Paulo, o que levou o juiz do caso, Fernando Messere, a declarar que o réu poderia ser preso preventivamente, se não comparecesse à vara ontem à tarde. O ex-governador tinha o direito de ficar calado, mas respondeu a todas as perguntas. Mais uma vez, ele declarou que os R$ 50 mil recebidos das mãos do delator da Caixa de Pandora foram usados para a compra de panetones, cestas básicas e doações a entidades filantrópicas. Para o Ministério Público, o dinheiro repassado a Arruda era de propina.

Em 2006, o ex-governador foi filmado recebendo um envelope com dinheiro em espécie das mãos de Durval Barbosa. Em 2009, as imagens se transformaram no centro do escândalo decorrente da operação. O Ministério Público afirma que Arruda teria falsificado quatro recibos para justificar o recebimento dos recursos. Em depoimento à Polícia Federal e à Justiça, Barbosa garantiu que não fez as doações filantrópicas.

Durante o interrogatório conduzido ontem pelo juiz Fernando Messere, Arruda afirmou que sempre realizou doações a pessoas carentes na época do Natal. Segundo ele, as ações beneficiavam mais de 1 mil entidades de 30 cidades do Distrito Federal. ;Consegui reunir fotos e vídeos da entrega dessas doações de fim de ano. Faço isso desde os anos 1990. Com o perdão da expressão, desde a época que eu tinha cabelo;, brincou o ex-governador.

Segundo Arruda, os repasses às entidades eram feitos de maneira ;não muito controlada;, até que advogados dele tiveram conhecimento de uma investigação do Ministério Público Eleitoral, aberta para verificar se as doações poderiam se configurar campanha irregular. A defesa de Arruda fez uma consulta ao Tribunal Regional Eleitoral e começou a coletar recibos das entidades beneficiadas para juntar à documentação. De acordo com o ex-governador, Durval pediu recibo pelas doações e esses documentos foram assinados na residência oficial de Águas Claras. ;Era um direito dele, como doador;, justificou Arruda.

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