A incerteza da economia brasileira chegou à lavoura do Distrito Federal. A dificuldade para conseguir créditos, os juros altos e a falta de investimentos no setor já repercutem na produção local. A estimativa do Sindicato Rural do Distrito Federal é que a safra 2015-2016 tenha queda de 30% em relação à de 2014-2015. O produtor do Plano de Assentamento Dirigido do DF (PAD-DF) João Carlos Jorgueira, 47 anos, colheu a última plantação; porém, devido aos empecilhos econômicos, a próxima ainda é incerta. Assim como muitos outros agricultores, ele ainda não garantiu a compra de insumos fundamentais para o desenvolvimento da lavoura. ;Os bancos estão mais exigentes. Não há recursos nem linhas de créditos para serem liberados. Isso dificulta o nosso trabalho;, explicou Jorgueira. Nesse mesmo período do ano passado, os produtores estavam com os pré-custeios garantidos para a safra seguinte.
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Mesmo a agricultura sendo fundamental para alimentação humana e alguns economistas apontarem que esse seria o único setor não atingindo pela crise econômica atual, alguns itens essenciais para o desenvolvimento das lavouras tiveram alta nos preços, a exemplo da energia elétrica, o combustível, os produtos agrícolas e a mão de obra. A isso se soma o fato de as instituições financeiras estarem mais exigentes na hora de liberar as linhas de créditos. ;O que mais encareceu os custos foram os altos juros e o aumento de produtos para pré-produção. O valor de venda dos grãos no mercado não é suficiente para cobrir os gastos. A tendência é ficarmos sem lucro algum;, acrescenta João Carlos Jorgueira. Além dos hectares de sorgo, um dos cereais mais consumidos em países da Europa, ele trabalha com milho e soja. A falta de definição sobre a próxima safra, de acordo com Jorgueira, acontece no DF e em todo o país. ;Uma insegurança, mas não podemos deixar de plantar.;
Produtor do Núcleo Rural Tabatinga, em Planaltina, Genésio Miller, 67 anos, comprou mais de 14 mil quilos de sementes de trigo com recursos próprios. ;É um aperto necessário no orçamento. Não posso deixar de produzir;, comentou. Ele, como a maioria dos produtores, trabalha com a prática de rotação, em que a mesma área é usada para o cultivo de outras culturas. Os 70 hectares estão sendo preparados para o trigo. As compras de defensivos agrícolas e adubos somam-se aos gastos. Miller desembolsou R$ 1 mil para cada hectare. ;A safra passada foi ruim, e isso já afetou o caixa. Somente de feijão, perdi 100 hectares. As vendas do milho também não foram suficientes para cobrir os custos de produção;, acrescentou.
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