Em viagem ao Barein, país do Golfo Pérsico, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) soube da decisão da presidente da Câmara Legislativa, Celina Leão, de anunciar o ontem pela manhã, horas antes do pronunciamento da deputada no plenário. Um dos ícones do PDT e avalista da aliança entre o partido e o PSB na última eleição, Cristovam pediu que Celina aguardasse uma conversa cara a cara, com a participação do senador José Antônio Reguffe e do presidente regional da legenda, Georges Michel. A distrital, no entanto, já estava decidida. Do país árabe, por telefone, Cristovam disse ao Correio que considerou a medida uma descortesia e um equívoco. Ainda criticou a companheira de partido: ;Se for para tirar alguém que não presta, Celina deveria pensar em mudar o gabinete dela;.
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O senhor conversou com a presidente da Câmara Legislativa, Celina Leão, do seu partido, sobre a decisão de romper com o governo Rollemberg?
Ela me ligou hoje mais cedo. Pedi que não tomasse uma posição isolada.
Na Câmara Legislativa, deputados disseram que Celina esteve com o senhor e Reguffe no fim de semana. É verdade?
Curioso, porque já me perguntaram isso. Não é verdade. Não me encontro com a Celina num fim de semana desde a campanha. Acho precipitação. Foi uma descortesia comigo, que pedi para esperar por uma conversa. Prova de que ela tem agido sozinha. Ela indicou vários cargos no governo Rollemberg e isso nunca passou por ninguém do partido. Foram escolhas pessoais dela que o governador acatou.
Então, o senhor não concorda com o rompimento?
Acho um equívoco romper agora, com 120 dias de governo. Mas depende dos interesses dela. Eu achei uma descortesia não só comigo, como também com o Reguffe e com o (Georges) Michel. O partido não foi consultado. Não estou contente com o governo, mas não vejo razão para declarar o rompimento. Foi Rollemberg quem quis Celina na presidência. Não foi escolha do PDT. O partido queria o Joe (Valle).
O que houve?
O Rodrigo impôs o nome da Celina. Tinha problemas com o Joe por causa de questões da época que ele era do PSB.
Na sua opinião, o que motivou esse afastamento?
Ela me disse que a razão era porque tem petista demais no governo Rollemberg. Mas eu acho é que tem peemedebista e gente ligada a Luiz Estevão demais no gabinete dela. Não vou à Câmara Legislativa com receio de sair uma foto minha com algum assessor dela ligado a Luiz Estevão. Tem um chefe de gabinete dela que é ligado a Manoelzinho (Manoel de Andrade) e a Luiz Estevão, que falavam em me matar e patrocinaram um atentado ao Palácio do Buriti, quando fui governador. Se for para tirar alguém que não presta, Celina deveria pensar em mudar o gabinete dela.