Cidades

Estudo mostra que a temperatura na capital federal subiu 2 °C em 50 anos

Uma das hipóteses levantadas no trabalho de Morgana para explicar o aumento da temperatura nos últimos anos está ligada à expansão urbana

postado em 05/06/2015 10:02
Mudanças nos termômetros se refletem no dia a dia da população, com o aumento no consumo de energia. O conforto térmico, no entanto, só virá com mais áreas verdes, menores com o crescimento urbano

Acostumado a sofrer com os efeitos provocados pelo longo período de seca, o brasiliense precisou se habituar também a temperaturas mais altas. Até mesmo no inverno, os termômetros têm registrado um aumento dos índices nos últimos 50 anos. A análise dos dados climatológicos de Brasília mostrou que a temperatura média anual subiu 1,95;C, segundo dissertação de mestrado da servidora do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) Morgana Almeida. As mínimas foram as que apresentaram os maiores valores ; 2,05;C na estação mais fria do ano. O trabalho faz um alerta sobre a ação do homem nessas mudanças.

Morgana analisou os dados de 1961, quando as informações começaram a ser coletadas pelo Inmet, até 2011. Ao todo, foram avaliados os números de 32 estações na Região Centro-Oeste. ;Todos os índices mostraram tendência de aumento na temperatura, mas na mínima é mais acentuado;, comenta a meteorologista. O trabalho apontou também que houve 48 dias a mais no ano nos quais os termômetros passaram dos 25;C. Esse é outro parâmetro usado pela meteorologista para mostrar como a cidade está mais quente. ;A amplitude térmica ; a diferença entre as temperaturas mínima e máxima ;, consequentemente, diminuiu porque a mínima está maior;, completou.



A criação dos chamados pontos azuis, como lagos e lagoas, é uma das formas de garantir o controle térmico

Uma das hipóteses levantadas no trabalho de Morgana para explicar o aumento da temperatura nos últimos anos está ligada à expansão urbana, principalmente aquela feita de maneira irregular e sem controle do Estado. ;O clima sofre alterações cíclicas, mas o aquecimento global acelera essa tendência natural. As interferências antrópicas influenciam esse processo;, explicou. A mudança nos termômetros, segundo ela, refletem no dia a dia da população. ;As pessoas sentem mais calor e procuram medidas para diminuir o desconforto térmico, como usar mais ventiladores e ar-condicionado, o que provoca um aumento no consumo de energia;, apontou.

Ocupação urbana
Para o professor do programa de pós-graduação em arquitetura e urbanismo da Universidade de Brasília (UnB) Rômulo Ribeiro, é importante lembrar, no entanto, que a cidade mudou nos últimos anos e as primeiras marcações eram feitas em meio ao Cerrado. ;A área urbana constitui o que chamamos de estruturas de ilhas de calor devido aos materiais que usamos, como concreto, asfalto. Eles refletem muita radiação para a área externa, aumentando a sensação de calor;, explicou. Segundo ele, essa situação gera um desconforto para a população. ;Hoje, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quase 85% das pessoas estão em área urbana. E quanto mais gente, maior a sensação de calor;, completou o professor.

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