Desde o aumento dos casos de infecção por bactérias multirresistentes no Distrito Federal, o clima nos hospitais da cidade tem sido de tensão. Pacientes internados, familiares e acompanhantes estão com medo de contrair uma bactéria que agrave o quadro clínico de quem já está debilitado. E quem não está doente, teme ter que ir a algum hospital. O surto de superbactéria ; termo mais conhecido para a resistência bacteriana a determinados antibióticos ; mudou, inclusive, a rotina nessas unidades de saúde. Algumas registram redução no fluxo de pessoas. Apesar da mobilização de órgãos de controle, como Anvisa, Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) e Ordem dos Advogados do DF (OAB-DF), e das ações de contenção da Secretaria de Saúde, o número de ocorrências ; entre infecções e colonizações ; ultrapassa 300, de acordo com informações preliminares passadas do Governo do Distrito Federal.
A 1; Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde (Prosus) do MPDFT abriu investigação para apurar o que favoreceu o aumento dos casos de superbactéria. Segundo o titular da 1; Prosus, promotor de Justiça Jairo Bisol, o GDF ainda não se posicionou oficialmente sobre o assunto. ;Não tínhamos informação sobre a gravidade da situação. Essa quantidade de pessoas infectadas nos surpreende. Estamos espantados e vamos continuar investigando, por exemplo, se houve ou não ocultação de informação;, afirmou. Ontem, a OAB-DF enviou um pedido de agilidade nas investigações. ;Os casos tomaram proporção muito grande. Está gerando situação de medo na população e temos que buscar uma solução;, avaliou o presidente da seccional da Ordem, Ibaneis Rocha.
O pedagogo Sidney Gomes da Silva, 39 anos, é um dos brasilienses que está preocupado. Em menos de uma semana, os dois filhos, um menino de 8 e uma menina de 10, ficaram doentes e foram ao Hospital Regional da Ceilândia (HRC) em busca de atendimento. ;Se eu tivesse condições, não levaria as crianças para a rede pública. Mas não podia deixar que elas continuassem sem nenhum tratamento;, completou. A ideia de Sidney, no entanto, não teria muito efeito, já que, segundo a Secretaria de Saúde, os casos de também infecções atingem a rede privada de saúde do DF. Segundo o secretário de Saúde, João Batista de Sousa, até ontem, mais de 200 pessoas colonizadas, ou seja, com a superbactéria no organismo, e pelo menos 107 haviam desenvolveido infecção. Os números são de casos na rede pública e privada de saúde. O chefe da pasta não soube precisar quantas ocorrência foram registradas nas redes pública e particular.
Plano de ação
Esse e outros detalhes devem ser conhecidos amanhã, quando vai ocorrer o lançamento de um plano distrital de enfrentamento à resistência bacteriana. O documento deve destacar questões de higiene hospitalar, trato com o paciente contaminado e uso racional de antibióticos. Segundo a secretaria, vão ser comprados produtos de limpeza mais eficazes para a realidade das unidades de saúde da capital federal. A medida é uma resposta à cobrança da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. A autarquia federal exigiu explicações do GDF sobre o enfrentamento da endemia de superbactérias. O plano segue diretrizes aplicadas em ações antissurto aplicadas no Rio Grande do Sul, em 2013, e no Rio de Janeiro, no ano passado. A pasta ressalta que o combate aos micro-organismos multirresistentes é difícil, pois não há medicamentos potenciais contra eles. ;Há 20 anos, não se tem um novo antibiótico no mercado;, justificou o subsecretário de Atenção à Saude, José Tadeu Palmieri.
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