Cidades

Greve de rodoviários continua e deve complicar a volta para casa

Metrô volta a operar com capacidade máxima entre 16h45 e 20h15. O DER liberou as faixas exclusivas até meia-noite, para diminuir caos no trânsito. Categoria quer reajuste de 20% no salário e 30% no vale-alimentação

Jacqueline Saraiva
postado em 08/06/2015 15:34
Com 100% do serviço de transporte público parado desde a meia-noite, os rodoviários seguem em greve por tempo indeterminado, contrariando a determinação do Tribunal Regional do Trabalho (TRT). Com isso, os passageiros também vão enfrentar transtornos na volta para casa nesta segunda-feira (8/6). Até por volta das 15h30, nenhuma tentativa de acordo ocorreu entre empresários e trabalhadores, segundo o sindicato da categoria e a associação das empresas do transporte público. Apenas 450 veículos de cooperativas estão circulando hoje na capital.

Piratas fizeram a festa na Rodoviária do Plano Piloto

Quem depende do transporte público deve planejar o retorno. Em nota, a diretoria do Metrô afirma que há a possibilidade de ampliar a quantidade de vagões no horário de pico também no fim do dia. Os 24 trens voltam a circular entre 16h45 e 20h15, mas esse período pode ser estendido. De acordo com a companhia, a decisão vai depender do posicionamento dos rodoviários sobre a determinação do TRT. Para reduzir o caos no trânsito, o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) decidiu liberar as faixas exclusivas para todos os veículos até a meia-noite. Antes das 6h, uma nova avaliação deve ser feita para manter ou não a liberação amanhã.

Caso os rodoviários cumpram a determinação da Justiça e coloquem ao menos 70% da frota para rodar, o Transporte Urbano do DF (DFTrans) afirma que já elaborou um plano emergencial. As principais linhas que ligam as regiões administrativas devem circular, todos os dias, pelo menos 18 horas por dia, das 5h às 23h, enquanto durar a greve dos ônibus. Essas linhas deverão ser atendidas por ônibus de maior capacidade, ou seja, por veículos articulados ou convencionais.

Manhã de sofrimento
Após assembleia nesse domingo (7/6), a promessa da categoria era de cruzar os braços, mas mantendo 70% dos veículos operando no horário de pico e 50% no entrepico, atendendo a uma determinação do TRT, com multa de R$ 100 mil por dia no caso de descumprimento. No entanto, os brasilienses sofreram para conseguir chegar ao trabalho hoje, enquanto garagens e terminais rodoviários permaneciam vazios. Cerca de 1,2 milhão depende do transporte coletivo, segundo o sindicato dos rodoviários. Segundo o DFTrans, são 600 mil habitantes que precisam do serviço. As cinco empresas que integram o Sistema Básico são responsáveis por 2.691 ônibus, enquanto as cooperativas atuam com 450. No total, atendem mil linhas em todo o DF.



A reportagem do Correio percorreu várias paradas de ônibus no início da manhã. Muitas estavam repletas de pessoas aguardando transporte, em cidades como o Recanto das Emas, Riacho Fundo II, Taguatinga, Santa Maria, Sobradinho e Planaltina, por exemplo. Em contrapartida, era grande o número de veículos fazendo transporte pirata. Os preços cobrados chegavam a R$ 10 a passagem.

Passageiros enfrentaram vagões lotados no metrô

[SAIBAMAIS]Os que conseguiram chegar até uma estação de metrô também passaram por sufoco, espremidos dentro dos vagões. Das 6h às 9h45, a Companhia do Metropolitano do Distrito Federal (Metrô-DF) operou em capacidade máxima, com 24 composições circulando. Normalmente, o número é reduzido a partir das 8h45. E para os que resolveram tirar o carro da garagem sobrou congestionamentos e acidentes, que travaram o trânsito até depois das 9h.

Impasse
Ontem, a categoria lotou o estacionamento do Conic para participar da assembleia. Rodoviários entoavam gritos de greve geral a cada tentativa dos representantes do sindicato em adiar o movimento. Com a decisão do TRT em mãos, o presidente Jorge Farias sugeriu a suspensão da jornada extra que coloca em circulação 40% de carros a mais nos turnos da manhã e tarde, tentou remarcar a paralisação para a próxima semana, mas houve recusa por parte dos rodoviários. A advogada dos trabalhadores esteve no local e acompanhou a votação.

Os trabalhadores reivindicam 20% de aumento salarial, 30% de tíquete-alimentação e cesta-básica, além de plano de saúde complementar. Os empresários, porém, oferecem 8,34% com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Segundo os patrões, o contrato de concessão com o GDF prevê a cláusula que só permite conceder um reajuste nos salários dos empregados com base na variação da inflação. Por isso, qualquer acréscimo passa pelo poder concedente, que teria de reajustar o subsídio.

Para saber mais
Como são calculadas as tarifas

Os subsídios que o governo paga às empresas de ônibus estão previstos em leis aprovadas pela Câmara Legislativa do DF. Estudantes, pessoas com deficiência e idosos têm direito à gratuidade. Com relação à tarifa técnica, prevista no edital de licitação, esse modelo de remuneração foi determinado porque o usuário, ao fazer uso da integração, não paga nova tarifa. Dessa forma ; se há integração ; deve haver um subsídio que remunere a viagem. Atualmente, os valores das tarifas técnicas são: Piracicabana R$ 3,1886; Pioneira R$ 3,7427; Urbi R$ 3,3653; Marechal R$ 4,7592 e São José R$ 3,2532.


Com informações de Isa Stacciarini, Bernardo Bittar, Paloma Batista e Ailim Cabral

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