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Confira histórias de romance que começaram na Copa do Mundo e deram certo

Gabriela Vinhal
postado em 12/06/2015 06:06

Sebastian e Rebeca na festa do casamento realizado no DF, em maio: os dois, que se conheceram na Copa, estão em Quito para um segundo casório

;Estou falando que somos loucos.; A frase resume o romance da brasiliense Rebeca Passos e do equatoriano Sebastian Maldonado, que começou em 16 de junho do ano passado. As palavras são da própria Rebeca. Bronzeada do sol caribenho, ela descansa na lua de mel longe do cerrado, em Quito. No fim de maio, eles concretizaram ;a loucura; e trocaram alianças na Paróquia São João Bosco, no Núcleo Bandeirante. Agora, estão na capital equatoriana para um segundo casamento ; e segunda lua de mel, mochilando pela América do Sul.

Com um portunhol ;impecável;, Sebastian conta que nunca imaginou conhecer a mulher da sua vida durante a Copa do Mundo de 2014: ;Fui porque amo futebol, fui pela festa;. Um amigo de infância fazia pós-graduação em São Paulo e o convidou para ficar em sua casa durante todo o mês. Então, como o aniversário do anfitrião era justamente no dia do primeiro jogo do Equador, ele comprou para os dois passagens São Paulo-Brasília e ingressos para verem juntos a seleção no gramado da capital.

Apesar dos gritos esperançosos de ;sí, se puede;, o time acabou perdendo nos minutos finais para a Suíça. ;Decepcionadíssimo;, Sebastian foi afogar as mágoas da derrota na sua última noite em Brasília. No bar lotado, pós-jogo, ele viu pela primeira vez a então estudante de direito Rebeca, 23 anos. Depois de tentativas sem êxito de chamar a atenção da moça, ele fez sinal para o garçom trazer a conta. Mal sabia ele que Rebeca também estava interessada. ;Como ele era muito lerdo, fui lá puxar assunto;, disse a moça, cuja abordagem foi a clássica ;tira uma foto pra gente?;. Em espanhol, claro ; Rebeca é fã de Rebeldes. ;Eu o vi falando espanhol, mas nem sabia que aquela camisa dele era do Equador;, conta. Com sucesso na foto e no idioma, os dois trocaram telefones.

Não foi a volta de Sebastian para São Paulo que fez os desconhecidos pararem de se falar. Durante duas semanas, trocaram mensagens diariamente. A química foi tanta que o equatoriano decidiu passar uma semana em Brasília antes de retornar ao país natal. A brasiliense achava que a história não iria a lugar algum. ;É muito esquisito, não é? Parecia conto de fadas;, estranhou Rebeca. Quando foi buscá-lo no aeroporto, amigos e familiares fizeram um apelo: que tomasse cuidado e nunca desligasse o celular; afinal, ele poderia ser um louco, um sequestrador. Não imaginavam que hoje seria o marido.

No fim da primeira semana de romance, o aeroporto que viu o primeiro beijo do casal viu também a despedida em lágrimas dos dois. O empresário de 31 anos partia para o Equador amargando uma derrota no futebol, mas um gol de placa no amor: eles estavam namorando oficialmente.

Apesar das expectativas de todos de que essa ;loucura; passasse com a distância, eles continuaram se falando todos os dias. O rapaz, então, convidou-a para o casamento de um amigo, em novembro, no Equador. Rebeca conseguiu driblar professores e provas da faculdade, mas não a preocupada família. Afinal, seus pais conheceram Sebastian brevemente em junho. Então, Rebeca foi liberada com a condição de que seus pais pudessem acompanhá-la na viagem. Meses depois, os três estavam se hospedando na casa da mãe de Sebastian.

O casal conta que a semana foi maravilhosa e que as famílias se deram muito bem. E, no mesmo ritmo de junho, eles já estavam noivos no fim da estadia. Os desconfiados amigos de antes foram cruciais no planejamento do(s) casório(s). Mesmo noivos, Sebastian continuou morando por lá e Rebeca, por aqui.

Como a família dos dois é numerosa, ficou combinado um duplo casório, um em cada país. Para completar o conto de fadas, a lua de mel será dupla também: já passaram duas semanas em Curaçau e, depois do casamento equatoriano, ficam mais duas semanas viajando pela América do Sul.

E depois que as viagens e as festas acabarem? Como Rebeca agora é advogada e trabalha em um escritório, os dois devem ficar em Brasília até o fim do ano. Para ela, é mais difícil exercer a profissão em outro país. Sebastian continuará comandando a empresa a distância. No ano que vem, o plano é morar alguns meses em Quito, para ver qual cidade os dois preferem. Mas Rebeca confessa que gostaria de ficar em Brasília. Se o Brasil vai conseguir conquistar Sebastian para ser casa definitiva dos recém-casados, ainda não se sabe, mas o futebol brasileiro já ganhou o coração de Sebastian, que hoje carrega, orgulhoso, a camisa do Flamengo, time da mulher.

Gol no segundo tempo
O Mundial foi o empurrão para Natália e Lucas (E), e João Paulo e Beatriz estreitarem os relacionamentos
Para alguns casais, a Copa foi o ;empurrãozinho; que precisavam para dar força ao romance. Foi o que aconteceu com os universitários Natália Levy e Lucas Mardio, ambos de 20 anos. Ela relata que, antes do Mundial, o casal de Brasília se encontrava com frequência bem menor: ;A Copa foi o que engatou o nosso relacionamento, foi na empolgação. Se não tivesse a Copa, a gente teria demorado um pouco mais;.

O pedido de namoro no dia do jogo entre Brasil e Colômbia foi espontâneo, mas não o primeiro. Na tentativa anterior, Lucas levou cartão vermelho, mas não tirou o time de campo. A vitória brasileira era o que faltava para amolecer o coração de Natália. Não deu outra: gol de Mardio. E, juntos, acompanharam a Seleção Brasileira perder a disputa do terceiro lugar para a Holanda no Mané Garrincha ; um dia triste para os torcedores, mas lembrado com carinho pelo casal.

A história dos dois começou meses antes da Copa, em um jogo de pôquer na casa de uma amiga em comum. No dia marcado para o carteado, choveu muito. As ruas estavam alagadas e Lucas chegou atrasado. Já Natália quase desistiu de última hora, porque as outras amigas não iam. Os dois passaram ;o tempo todo de gracinha, rindo um para o outro;, conta Amanda Suda, a amiga responsável pela assistência nesse gol. Pouco depois, trocaram mensagens e marcaram um encontro.

Apresentar o casal não foi uma jogada ensaiada de Amanda, mas ela comemorou o namoro: ;Quando fiquei sabendo que eles estavam juntos, achei que ia dar certo;.

O futebol continuou fazendo parte do romance do casal, agora em lados opostos do campo. Lucas é torcedor de carteirinha do Santos. Natália torce para o Palmeiras, time da família. A rivalidade gerou até uma aposta na final do Campeonato Paulista deste ano, disputada pelos dois times. A vitória foi do Santos nos pênaltis: ;Fiquei um pouco brava, mas foi engraçado;, brinca a jovem. Mas não é só discórdia no gramado: os dois são fãs do Real Madrid.

Amor com futebol

João Paulo e Beatriz Pinheiro também aproveitaram os jogos da Copa para estreitar laços. O casal, que morou na mesma rua a vida inteira em Taguatinga Sul, só se conheceu em maio de 2014, em uma festa junina perto das casas deles. Os amigos em comum ajudaram João a se aproximar de Beatriz. ;Ela estava conversando com um amigo nosso e já cheguei me enturmando. Tirei uma foto dela com uma amiga nossa e pedi o Facebook dela para enviar o registro;, recorda ele.

Era o começo de uma amizade que se tornaria amor. Botafoguense desde criança, Beatriz, 18 anos, é mais ligada ao futebol do que o flamenguista João, 22. De passe em passe, a Copa o ajudou a chegar mais perto de uma vitória. ;O placar dos jogos sempre me dava coragem de puxar um papo. E, aí, passávamos o dia inteiro no celular, comentando o que acontecia e conversando sobre a vida;, admite o estudante de educação física.

Mas foi só em 26 de junho que o casal se beijou pela primeira vez. O relacionamento sério já estava praticamente ;engatado;. Na data da disputa do terceiro lugar da Copa, um mês após a abertura e 17 dias depois do primeiro beijo, João foi à casa da avó de Bia e oficializou o namoro. O dia, 12 de julho de 2014, ficou marcado para o brasiliense, que, além de ter assistido ao Brasil perder para a Holanda por 3 x 0, conheceu a família da menina. ;Na hora mesmo, eu não estava nem conseguindo ficar nervoso com o jogo. Estava com tanto frio na barriga pelo momento com a família que até esqueci o terceiro lugar;, diverte-se.

Com quase um ano de namoro, João tem a bênção da família de Beatriz. ;Os amigos em comum ajudaram um bocado, mas, mais do que isso, foi a Copa. Com os jogos e o clima descontraído da cidade, tudo aconteceu de uma maneira natural e divertida;, finaliza João.

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