Durante os três dias de greve dos rodoviários, no início da semana, eles dominaram as ruas do DF. Os condutores de transporte pirata circularam livremente nas regiões administrativas e no Plano Piloto. Chegavam a cobrar R$ 20 pela passagem. Mas, no dia a dia, a irregularidade também transita maquiada como transporte. A Secretaria de Mobilidade do DF estima que existam mais de 350 veículos piratas entre vans e ônibus. Sem contar a grande quantidade de carros de passeio, que foge do controle de estimativas. Na clandestinidade, misturam-se servidores públicos, policiais militares do Distrito Federal e do Entorno, pessoas com antecedentes criminais, cidadãos comuns e rodoviários que tentam dinheiro extra para complementar a renda. As informações foram confirmadas por pessoas que atuam na área.
Bem articulados, motoristas piratas se comunicam, na maioria dos casos, por meio de grupos de WhatsApp. O nível de organização é tanto que eles se dividem entre regiões e áreas. À medida que são flagrados nas ações de órgãos fiscalizadores, transmitem a mensagem aos colegas de trabalho. Dados da Secretaria de Mobilidade confirmam que cerca de 60% dos conduzidos à delegacia por transporte irregular de passageiros têm passagens criminais constatadas pela Polícia Civil pelos mais diversos crimes. Entre eles, estão envolvidos em homicídio, estupro, aliciamento de crianças e adolescentes, roubo, furto, porte ilegal de arma, dano ao patrimônio público e ameaça. Fontes ligadas ao Correio confirmam que, em alguns casos, envolvidos no esquema ilegal cumprem penas alternativas de prisão.
Os veículos variam desde carros de passeio, ônibus, vans, até veículos fretados e aqueles do sistema de transporte rural e semi-urbano do Entorno. Com a greve de ônibus, um estudante universitário de 22 anos embarcou em um carro de passeio que oferecia o trajeto do Sudoeste à Universidade de Brasília (UnB). No caminho, ouviu a história do motorista, que há 20 anos faz transporte pirata na região do Cruzeiro, Sudoeste e Rodoviária do Plano Piloto e, com o dinheiro, sustenta a família. ;Ele contou que não cobrava mais de R$ 3 pela passagem, porque acha um absurdo;, disse. Nos dias de paralisação, a servidora pública Cristina Pereira Alves, 37 anos, enfrentou dificuldades. Ela mora em Sobradinho e teve de pagar R$ 5 para ir até o trabalho, em Planaltina. ;Na volta, é ainda mais difícil porque os motoristas dos piratas cobram mais caro. A sorte é que eu retorno para casa de carona. É difícil achar ônibus;, lamentou.
O subsecretário de Fiscalização, Auditoria e Controle, Fernando Pires, explicou que, do início do ano até agora, 265 autos de infração foram aplicados por transporte irregular de passageiros. Do total, auditores levaram para delegacias 123 motoristas e cobradores. Cinquenta e um deles assinaram termo circunstanciado por exercício ilegal da profissão. Em 2014, foram lavrados 233 autos de infração. A multa para quem faz transporte ilegal é de R$ 2 mil. Após a primeira reincidência, o valor passa para R$ 3 mil e, se a mesma pessoa for flagrada pela terceira vez, a penalidade é de R$ 5 mil.
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