Cidades

Júri de Nenê Constantino por tentativa de homicídio dura mais de 10 horas

Sessão começou nesta manhã, por volta das 10h, com depoimentos das testemunhas de acusação

Nathália Cardim, Luiz Calcagno
postado em 16/06/2015 21:10
O julgamento do fundador da Gol, Nenê Constantino, 84 anos, pela tentativa de assassinato do ex-genro Eduardo Queiroz Alves, correu por todo o dia de hoje, no Tribunal do Júri de Brasília. O crime aconteceu em 5 de junho de 2008. Além do empresário, são réus o policial militar reformado Antônio Andrade de Oliveira e José Humberto de Oliveira Cruz, acusado de ser o executor da tentativa de homicídio.

A sessão começou por volta das 10h com os depoimentos das testemunhas de acusação. O primeiro a ser ouvido foi Eduardo. Ele pediu para falar longe dos réus e manteve as acusações sobre a tentativa de homicídio que sofreu. Ele reafirmou a versão anterior de que teria sido atacado em seu carro. A vítima falou dos tiros que foram desferidos contra ele e disse que acredita que tentaram matá-lo.

Durante o depoimento Eduardo também afirmou que recebeu ameaças para não prestar depoimento. Há algum tempo, um motoqueiro entregou em sua casa, uma cesta com um rato morto dentro. Ele suspeita de quatro fatos que lhe pareceram ameaças. Segundo a vítima, todas eram mensagens para dizer que alguém conhecia seus passos.

Após intervalo para almoço, o julgamento foi retomado às 13h10. O réu José Humberto de Oliveira Cruz não compareceu ao julgamento para prestar depoimento, pois está internado no Hospital Regional de Santa Maria (HRSM).

No interrogatório, que durou cerca de 10 minutos, Constantino se mostrou debilitado e confuso, mas negou todas as acusações. Disse não conhecer os delatores e que não tinha motivos para matar Eduardo. Também negou ter conversado com o policial militar que seria o intermediário na tentativa de homicídio.

Questionado sobre por que estava no Tribunal como réu, disse não entender porque estava ali. "Não tenho nada com isso. Não devo. Estou assustado de estar aqui. Considero meus filhos e genros iguais. Tanto que passei a empresa para os quatro", declarou.

Andrade disse, por sua vez, que já conhecia Constantino, mas que só manteve contato com o empresário por meio de um amigo, em uma empresa que trabalhou. Também disse tê-lo visto uma vez, por lavar os carros da PM na garagem da Viação Planalto, do grupo Constantino.

Contradições
Em depoimento, a delegada Renata Malafaia, que investigou o crime, disse ter chegado na relação entre Andrade, à época sargento, Constantino e José Humberto, após quebrar o sigilo de informações dos celulares do trio. Além disso, a localização dos celulares de Andrade e de José Humberto também indicou que a dupla esteve no local do crime diversas vezes.

Quando o juiz trouxe esses dados da investigação à tona, o PM reformado entrou em contradição. Ele acabou negando ter feito telefonemas para Constantino. Ele chegou a dizer que haveria um equívoco nas investigações.

Um dos telefones em posse do policial foi roubado de uma mulher. Os registros de ligação dos dois aparelhos eram semelhantes em 36 números. Para a perícia da Polícia Civil, Andrade usava os dois números. Ainda assim, Andrade negou ter usado o telefone.

Segundo a denúncia do Ministério Público, Constantino contratou José Humberto por meio de Andrade para matar Eduardo. Na ocasião, José Humberto teria atirado diversas vezes contra o carro de Eduardo, na saída da Viação Planalto, em Brasília, mas nenhum dos disparos o acertou.

A desavença entre Constantino e Eduardo teria sido originada pela insatisfação do empresário quanto à condução dos negócios da família pelo hoje ex-genro. A divisão de bens entre Eduardo e a filha de Constantino também seria outra razão para o desentendimento.

O trio é acusado de tentativa de homicídio duplamente qualificada e podem ser condenados a uma pena de 12 a 30 anos de prisão. Nenê Constantino responde o processo em prisão domiciliar desde 2011, em São Paulo.

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