Cidades

Nenê Constantino é absolvido de tentativa de homicídio em júri, em Brasília

Constantino era acusado de ser o mandante da tentativa de homicídio de Eduardo Queiroz Alves, seu ex-genro

Nathália Cardim, Luiz Calcagno
postado em 16/06/2015 22:37
O empresário e fundador da Gol, Nenê Constantino, e o policial militar reformado Antônio Andrade foram absolvidos pelo Tribunal do Júri de Brasília, na noite desta terça-feira (16/6). Constantino era acusado de ser o mandante da tentativa de homicídio de Eduardo Queiroz Alves, seu ex-genro. Já Andrade era acusado de ter contratado o executor do crime e dado fuga a ele em uma carro da polícia.

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Junto com a sentença foi expedido um alvará de soltura a Constantino, que cumpria pena domiciliar desde 2011, em São Paulo. ;Acabou-se um longo tormento e foi feita a Justiça;, comemorou Pier Paulo Bottini, advogado de defesa. O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) não quis comentar a decisão.

O réu José Humberto de Oliveira Cruz não compareceu ao julgamento para prestar depoimento, pois está internado no Hospital Regional de Santa Maria (HRSM).

Entenda o caso
Segundo a denúncia do Ministério Público, Constantino contratou José Humberto por meio de Andrade para matar Eduardo. Na ocasião, José Humberto teria atirado diversas vezes contra o carro de Eduardo, na saída da Viação Planalto, em Brasília, mas nenhum dos disparos o acertou.

A desavença entre Constantino e Eduardo teria sido originada pela insatisfação do empresário quanto à condução dos negócios da família pelo hoje ex-genro. A divisão de bens entre Eduardo e a filha de Constantino também seria outra razão para o desentendimento. O trio era acusado de tentativa de homicídio duplamente qualificada.

A sessão começou por volta das 10h com os depoimentos das testemunhas de acusação. O primeiro a ser ouvido foi Eduardo. Ele pediu para falar longe dos réus e manteve as acusações sobre a tentativa de homicídio que sofreu. Ele reafirmou a versão anterior de que teria sido atacado em seu carro. A vítima falou dos tiros que foram desferidos contra ele e disse que acredita que tentaram matá-lo.

Durante o depoimento, Eduardo também afirmou que recebeu ameaças para não prestar depoimento. Há algum tempo, um motoqueiro entregou em sua casa uma cesta com um rato morto dentro. Ele suspeita de quatro fatos que lhe pareceram ameaças. Segundo a vítima, todas eram mensagens para dizer que alguém conhecia seus passos.

No interrogatório, que durou cerca de 10 minutos, Constantino se mostrou debilitado e confuso, mas negou todas as acusações. Disse não conhecer os delatores e que não tinha motivos para matar Eduardo. Também negou ter conversado com o policial militar que seria o intermediário na tentativa de homicídio.

Questionado sobre por que estava no Tribunal como réu, disse não entender porque estava ali. "Não tenho nada com isso. Não devo. Estou assustado de estar aqui. Considero meus filhos e genros iguais. Tanto que passei a empresa para os quatro", declarou.

Andrade disse, por sua vez, que já conhecia Constantino, mas que só manteve contato com o empresário por meio de um amigo, em uma empresa que trabalhou. Também disse tê-lo visto uma vez, por lavar os carros da PM na garagem da Viação Planalto, do grupo Constantino.

Contradições
Em depoimento, a delegada Renata Malafaia, que investigou o crime, disse ter chegado na relação entre Andrade, à época sargento, Constantino e José Humberto, após quebrar o sigilo de informações dos celulares do trio. Além disso, a localização dos celulares de Andrade e de José Humberto também indicou que a dupla esteve no local do crime diversas vezes.

Quando o juiz trouxe esses dados da investigação à tona, o PM reformado entrou em contradição. Ele acabou negando ter feito telefonemas para Constantino e chegou a dizer que haveria um equívoco nas investigações.

Um dos telefones em posse do policial foi roubado de uma mulher. Os registros de ligação dos dois aparelhos eram semelhantes em 36 números. Para a perícia da Polícia Civil, Andrade usava os dois números. Ainda assim, Andrade negou ter usado o telefone.

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