As cidades do Distrito Federal não devem fazer parte do roteiro de passeio de turistas e funcionários da embaixada americana. Isso é o que determina o governo dos Estados Unidos, que proíbe trabalhadores da entidade de visitarem Ceilândia, Santa Maria, Paranoá e São Sebastião, entre 18h e 6h. O motivo, de acordo com a página do Departamento de Estado dos EUA, seria o alto índice de violência.
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O veto está na seção de recomendações de segurança para americanos com destino ao Brasil (veja no link). O governo dos EUA alerta para as altas taxas de criminalidade no transporte público, setor hoteleiro e áreas turísticas da capital. "As estatísticas mostram que esses incidentes podem acontecer em qualquer lugar e a qualquer hora. As cidades-satélites que circundam Brasília têm índices de criminalidade per capita comparáveis a cidades muito maiores."
A utilização do termo ;cidades-satélites; mostra desconhecimento do Departamento de Estado americano sobre o caráter pejorativo da definição, que se refere a núcleos urbanos que orbitam uma metrópole. No governo de Cristovam Buarque, inclusive, o termo foi banido do vocabulário oficial por ter sentido depreciativo.
Do mesmo modo, o vocábulo ;entorno; foi abolido em fevereiro de 2013, em decreto publicado no Diário Oficial do DF, que alterou o nome da Secretaria do Entorno para Secretaria de Desenvolvimento da Região Metropolitana do DF.
A reportagem do Correio entrou em contato com a Embaixada dos EUA, em Brasília, para comentar se existe um receio dos americanos em visitar o DF, mas a assessoria afirmou que as recomendações são do Departamento de Estado do país e, por orientação do governo americano, preferiu não se manifestar.
A página do governo americano apresenta recomendações de segurança sobre mais de 200 locais, entre países e ilhas, dos quais são descritos os lugares que mais concentram turistas.
A secretaria da Segurança Pública e da Paz Social argumentou que a criminalidade diminui nessas áreas desde que o governo norte-americano divulgou as recomendações. Confira a nota na íntegra:
"A Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social gostaria de esclarecer que o relatório é de outubro de 2014. Desde janeiro deste ano, os índices de criminalidade do DF caíram significativamente. Dos 12 crimes mais graves monitorados diariamente pela Secretaria, 10 diminuíram nos primeiros cinco meses de 2015 em relação ao mesmo período de 2014. O número de homicídios, por exemplo, caiu 8,8%, enquanto os crimes contra o patrimônio sofreram queda de até 43,9%, caso do roubo a comércio.
A recomendação é restrita a quatro regiões do DF nos horários de 18h às 6h: Ceilândia, São Sebastião, Paranoá e Santa Maria. Nestas regiões, os índices criminais também caíram.
Embora ainda alta, a taxa média anual de homicídios do DF é inferior a de muitas cidades norte-americanas, como, por exemplo, Newark. Um dos centros mais importantes da região metropolitana de Nova Iorque, a cidade apresenta taxa média anual de homicídios de 40 por 100 mil habitantes. No DF, o índice foi de 24,6 por 100 mil no ano passado."
Caso antigo
Os Estados Unidos não são os primeiros a listar recomendações para turistas com destino ao Brasil. Em fevereiro de 2014, o site do governo francês elaborou um guia sobre como estrangeiros deveriam se portar durante a estada no país, especialmente em julho, período da Copa do Mundo da Fifa. A pesquisa informava que, em Brasília, sequestros relâmpagos podiam acontecer a qualquer momento "do dia ou da noite". O estudo apontou também que este tipo de crime há, principalmente, na periferia da capital do país, que seria uma das mais violentas do Brasil.
O estudo aconselhava turistas sobre como agir em Brasília. O manual sugeria que os viajantes não deviam estacionar em locais desertos e pouco iluminados. O visitante também devia verificar o ambiente antes de entrar e sair de algum veículo. Por fim, a pesquisa aconselha o turista a não reagir ou tentar fugir em caso de agressão, mas "manter a calma e evitar qualquer provocação".