Cidades

Adultos participam de curso na Universidade da Maturidade do DF

Estudantes de 45 a 89 anos participam, desde abril, de curso na Universidade da Maturidade do DF, onde têm a oportunidade de perceber e de valorizar o próprio papel na sociedade

Isa Stacciarini
postado em 25/06/2015 06:00

Estudantes de 45 a 89 anos participam, desde abril, de curso na Universidade da Maturidade do DF, onde têm a oportunidade de perceber e de valorizar o próprio papel na sociedade


Há pouco mais de dois meses, os corredores do câmpus de Ceilândia da Universidade de Brasília (UnB) ganharam uma nova cara. Entre jovens e adultos aprovados nos processos seletivos tradicionais da instituição, caminham também estudantes que resolveram dar uma nova chance ; ou a primeira oportunidade ; para o ensino superior depois dos 45 anos. Em abril, a UnB inaugurou a primeira turma da Universidade da Maturidade do DF (UMA-DF), ligada ao Decanato de Extensão, e recebeu 105 alunos de até 89 anos.


No fim dos três semestres, os adultos e idosos selecionados receberão o diploma do curso de extensão de educador político e social do envelhecimento humano. Nas aulas da ministradas na UMA-DF, as dinâmicas de grupo são um dos principais métodos de ensino usados, atrelados a metodologias de inclusão e de alfabetização. Durante o curso, os alunos têm ainda a chance de estagiar em empresas e, no fim, antes de receberem o certificado, produzem um trabalho de conclusão de curso (TCC).


Na sala de aula, é possível ver os contrastes do grupo. Entre os estudantes, estão aqueles que já possuem um diploma de graduação, outros que têm o ensino médio completo e ainda os que terminaram apenas o ensino fundamental. Juntos, trocam conhecimentos e informação. O programa surgiu na Universidade Federal do Tocantins (UFT) e, há pouco mais de dois meses, teve início na UnB. O projeto de extensão foi adequado à realidade local e conta com 720 horas de aula divididas em três módulos.

A coordenadora da UMA-DF, Margô Gomes de Oliveira, explica que a diferença do curso para uma graduação comum está na metodologia e na concepção, levando em consideração que a expectativa de vida da população brasileira é cada vez maior. ;A contribuição da ferramenta educacional é dar vez e voz ao público idoso a partir do potencial de ocupar os espaços sociais. Envelhecer no país é muito novo. No futuro, o que as pessoas vão fazer e como a sociedade vai se comportar?;, questiona.


Dez professores da UnB estão envolvidos no projeto, além de aproximadamente 25 alunos monitores dos cursos de graduação e de pós-graduação da instituição. A seleção dos candidatos ocorreu em março, mesmo mês em que o edital foi publicado, e as aulas começaram em 16 de abril. Ao todo, mais de 300 pessoas se inscreveram para concorrer às 105 vagas ofertadas. Outras 100 estão no cadastro reserva para o segundo semestre. Um novo edital deve ser lançado em agosto e as aulas terão início em setembro (leia Para saber mais).

Construção coletiva
;No curso, não existem provas escritas em um contexto tradicional. O conhecimento é construído em conjunto, por meio da interação e da integração. Trabalhamos com três pilares: ensino, pesquisa e extensão;, destaca Margô. ;O grande ganho não é só individual, mas coletivo. Buscamos que as pessoas percebam o processo de envelhecimento como natural;, acrescenta.


A aposentada Elisabete Cristina de Oliveira, 63 anos, é uma das alunas do curso. Moradora de Águas Claras, ela terminou a graduação em estudos sociais em 1987, em uma faculdade particular, e, em 2005, formou-se também em educação inclusiva pela UnB. No entanto, a vontade de aprimorar o conhecimento e ajudar o próximo levou a avó de seis netos ; o mais novo de 9 e mais velho de 22 anos ; novamente ao ambiente universitário. ;Para mim, é um novo fôlego. Eu amo o conhecimento. É um novo desafio, inclusive, como referência para os meus netos;, relata. ;Aprendi a diferença entre independência e autonomia. Estou vivenciando a autonomia em uma opção que fiz;, completa.

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