Cidades

Estrutura limitada de laboratório da Unb atrasa possível cura da Aids

Está prevista a construção de um prédio para ampliar o centro de pesquisas, mas não há data definida para a obra

postado em 26/06/2015 06:04

O professor Enrique Roberto Argañaraz, do Laboratório de Virologia, mostra o freezer que há quatro anos está lacrado e sem uso

Falta espaço para seguir o caminho da descoberta de vacinas contra o HIV. A equipe do Laboratório de Virologia Molecular da Faculdade de Saúde, da Universidade de Brasília (UnB), investiga, há 12 anos, os mecanismos que levam à infecção pelo vírus, mas esbarra no problema de lugar para abrigar pesquisadores e equipamentos e, assim, continuar a pesquisa.


As primeiras descobertas do projeto mostram que, apesar de o paciente apresentar diversas cepas do vírus no organismo, apenas uma delas atua na contaminação de outro. No entanto, os desdobramentos dessa conclusão não avançam a contento porque a sala que abriga os cientistas mal comporta bancadas e microscópios para todos. Um freezer que alcança temperaturas de até -160 ;C está lacrado e sem uso, há quatro anos, do lado de fora do local. ;Tem mais equipamentos para chegar, mas não sei onde colocaremos. Já não tem espaço para os que estão aqui;, lamenta o professor associado do laboratório, Enrique Roberto Argañaraz.

Ele começou a se dedicar ao tema durante o doutorado, pela Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos. Em 2003, depois de concluir o pós-doc, ajudou a montar o centro de referência. ;Quando retornei à UnB, imaginei que teria apoio para desenvolver o trabalho, afinal, o tema é HIV;, conta. Segundo ele, ainda que o país seja forte na questão de diagnóstico e de atendimento medicamentoso aos soropositivos, ainda deixa muito a desejar na área científica do tema. ;Faltam pesquisas. Hoje, 90% do estudo é feito no exterior, em parceria com instituições americanas;, diz.

Não ter um espaço físico apropriado ; hoje, o laboratório fica espremido em uma sala do 1; andar da Faculdade de Saúde ; atrapalha, até mesmo, o aprofundamento das conclusões. ;A pesquisa continua porque, quando enviamos alunos aos EUA, eles usam as estruturas de lá. No entanto, o tempo é curto. O que demoraria até quatro anos para ser finalizado, tem de levar somente seis meses, que é o tempo que o aluno tem lá fora;, queixa-se. Além disso, o grupo de trabalho tem de se dividir em turnos. ;São 10 pessoas envolvidas na pesquisa, mas só trabalham três ou quatro por vez. É um fator desmotivador até para atrairmos mais estudantes para o tema;, reclama.

O prazo exíguo para testes e avaliações, nos centros parceiros, atrasa todo o processo, reforça Argañaraz. ;Investigamos o comportamento do vírus na chamada fase de eclipse. São os primeiros 20 dias após o contágio, em que o HIV ainda não se ligou ao material genético do paciente. Esse período é fundamental para entendermos quais são os mecanismos de infecção;, detalha. O entendimento dessa fase é importante para se desenvolver estratégias de tratamento.

Biossegurança
Um dos entraves para a continuidade da pesquisa, na UnB, é o fato de a instituição não ter um laboratório de biossegurança instalado. Esse tipo de ambiente permite o manuseio de organismos altamente infecciosos sem que os cientistas sofram o risco de se contaminar com o material a ser examinado. Além dos procedimentos básicos, o local fica isolado de outras salas ou laboratórios, tem controle de entrada e de uso de materiais ; o uso de seringas é restrito ao imprescindível ; e os frequentadores são testados periodicamente.

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