Um corpo às margens da rodovia. Nenhum documento de identificação ou pista que possa revelar quem era, onde vivia, se tinha família ou se corria o mundo, como tantos anônimos existentes Brasil afora. No local, um aplique de cabelo e um acessório que poderia ser pulseira ou tornozeleira. O cadáver segue para o Instituto de Medicina Legal (IML) da Polícia Civil do DF. Com diferentes técnicas, os peritos descobrem que se tratava de uma mulher. Pelo tamanho e pela estrutura óssea, chegam à conclusão de que estava na fase adulta. Também estimam idade e altura. Mas não a identidade da vítima. Em duas semanas, três jovens procuram o IML em busca da mãe. Nem precisam colher material genético para isso. Basta mostrar fotos para que os peritos confirmem ; por meio da comparação dos dentes ; que se tratava da pessoa encontrada na via. Naquele dia, acabava a angústia de três filhos para descobrir o paradeiro da mãe e enterrar o corpo.
[SAIBAMAIS]A identificação por meio da arcada dentária no IML de Brasília é tão confiável quanto pelo exame de DNA. E, nos últimos 20 anos, foi a técnica mais utilizada pelos peritos da Polícia Civil brasiliense. É o que comprovou a tese de conclusão de curso de Giovanna Bissacot, que acaba de ser aprovada na Faculdade de Odontologia da Universidade de Brasília (UnB). Durante dois anos, a jovem acompanhou o trabalho dos profissionais no Laboratório de Antropologia Forense do instituto e analisou todos os casos investigados entre 1993 e 2013.
Dos 375 corpos que necessitaram de investigação para serem reconhecidos, 199 foram esclarecidos e 176 não tiveram a identidade descoberta por diferentes fatores. Dos 199 cadáveres identificados, os peritos chegaram aos nomes de 76 apenas utilizando o método odontológico; em 62, exames genéticos foram a chave para a solução do mistério; em 54, precisou-se do antropológico; e em 35, o papiloscópico (leia quadro). ;Se a somatória dos números absolutos for feita, o resultado será maior do que 199 porque alguns casos utilizaram mais de um método de identificação, pois apresentavam uma grande quantidade de informações do suspeito a serem comparadas;, explica Giovanna.
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