Cidades

Polícia Civil investiga suposto incêndio criminoso no Guará 2

Moradores de edifício do Guará 2 vivem madrugada de desespero após um veículo ser supostamente incendiado por criminosos na garagem. Uma pessoa morreu carbonizada e dezenas tiveram intoxicação por causa da fumaça

postado em 09/07/2015 06:00

A caminhonete Dodge e o Sandero destruídos pela chama: suspeita de incêndio criminoso

Colaborou Manoela Alcântara

A Polícia Civil investiga um suposto incêndio criminoso ocorrido ontem na garagem do Bloco C da QE 38, no Guará 2. Uma pessoa morreu e dois veículos ficaram destruídos. O corpo foi encontrado carbonizado dentro de um dos carros incendiados e, de acordo com a Divisão de Comunicação da corporação, a identidade de vítima ainda não havia sido confirmada até a noite ; o Correio apurou, no entanto, que se trata de Francisca das Chagas de Castro, 50 anos.

O fogo começou por volta das 3h30, quando algumas famílias começaram a deixar os apartamentos, em pânico. ;Havia muita fumaça. Nós nem conseguíamos enxergar direito. Fomos os primeiros a descer;, conta a personal trainer Suelen Cavalcanti, que estava acompanhada do marido e da filha. Os moradores pediram socorro ao Corpo de Bombeiros e à Polícia Militar, após ouvirem explosões e perceberem a forte fumaça, principalmente no primeiro andar do prédio.

O edifício precisou ser esvaziado para que os bombeiros controlassem as chamas. ;Estava dormindo quando ouvi um estouro e, depois, gritos, vindos de outros apartamentos. Logo em seguida, vi muita fumaça, além de moradores já na parte de fora do prédio;, diz o servidor público Walace Castro, 29 anos. Onze pessoas foram socorridas pelo Corpo de Bombeiros e pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Algumas tiveram de ser retiradas pelas janelas e pelo menos 10 imóveis foram arrombados para verificar se ainda havia alguém.

Crime
O trabalho dos bombeiros durou cerca de 20 minutos. Ao fim das buscas no edifício, somente uma moradora não havia sido encontrada: a servidora pública Francisca. ;Os moradores estão muito assustados. Afinal, aconteceu a perda de uma vida. Estamos focando, agora, na limpeza do prédio e vamos acionar o seguro;, explica o síndico, Silas Augusto da Silva.

Segundo ele, a Polícia Civil levou todas as imagens das câmeras de segurança para averiguar o que pode ter causado o incêndio na garagem. A Polícia Militar informou que as chamas começaram em uma caminhonete Dodge e atingiram o carro ao lado, um Renault Sandero, de propriedade de Francisca. O primeiro veículo pertence a Gilver Frossard Ouverney Motta (leia Memória). De acordo com a vizinhança, é a terceira vez, em menos de um ano, que incêndios criminosos acontecem na garagem do Bloco C e com carro ligados a Gilver.

Em outubro de 2014, o veículo dele havia sido alvo de um ataque, mas a síndica do bloco à época, Denise Cristine Gonçalves, apagou o fogo antes que os danos fossem maiores. Dois meses depois, a então namorada de Gilver também teve o carro incendiado, estacionado na vaga do morador. O Ford Ka ficou danificado, e as câmeras do local filmaram a ação de criminosos, que não foram identificados na ocasião. Gilver não quis falar com a reportagem ontem, porém, vizinhos afirmam que ele não mantém uma boa relação com o restante dos moradores. ;Moro aqui há poucos meses e já quero ir embora. Ouvi falar de várias confusões em que ele esteve envolvido;, afirmou uma moradora que preferiu não se identificar.

Perícia
A Defesa Civil não encontrou nenhum problema estrutural no edifício, apenas desvios pontuais envolvendo a rede hidráulica e a fiação elétrica, além de ter afastado qualquer risco de desabamento. Mesmo assim, os condôminos não foram autorizados a dormir nos seus apartamentos. As escadas que ficam ao lado das vagas onde os carros foram incendiados estão tomadas pela fuligem e pelo cheiro de fumaça, que ainda era forte no local no fim da tarde de ontem.

O Corpo de Bombeiros afirma que, somente após os resultados da perícia, é que as causas do fogo poderão ser elucidadas. A identificação do corpo também depende da análise de peritos da Polícia Civil. A investigação segue sob a responsabilidade da 4; Delegacia de Polícia (Guará). O prédio tem 36 apartamentos e abriga cerca de 70 moradores. Alguns sofreram intoxicação por causa da fumaça que exalou da garagem e foram levados pelos bombeiros para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Núcleo Bandeirante e para o Hospital Regional do Guará.

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