Os problemas urbanísticos se espalham por Brasília e desafiam a fiscalização diariamente. Além de quiosques e invasões de área pública, outdoors aparecem em diversos cantos da cidade sem qualquer controle e desagradam à população. As propagandas estão às margens de vias e no meio da cidade, em fachadas de prédios comerciais. A Agência de Fiscalização (Agefis) diz que faz um levantamento das peças publicitárias para saber quantas são e se têm autorização, a fim de elaborar um plano de fiscalização e combater as publicidades irregulares. O estudo deve ficar pronto no fim deste ano.
A reportagem do Correio percorreu diversos pontos do Distrito Federal e flagrou outdoors nos setores de Indústrias Gráficas (SIG) e de Indústria e Abastecimento (SIA). As peças poluem a paisagem e aparecem até mesmo próximo de vias como a Estrada Parque Taguatinga (EPTG). Na Estrada Parque Indústria e Abastecimento (Epia), também há muitas delas. No caminho para o aeroporto, mais propaganda pode ser vista. Elas chegam a tomar os dois lados da pista, sustentadas por pilares no meio. Em áreas centrais, como no Setor Comercial Sul, painéis aparecem nas fachadas de prédios e chamam a atenção pelo tamanho.
O presidente em exercício do Conselho Comunitário da Asa Sul e morador da região, Carlos César Soares, 54 anos, defende que normas estabeleçam os locais corretos para se instalar as propagandas, respeitando o tombamento de Brasília. ;É uma questão de poluição visual. Realmente afeta o paisagismo da área tombada, mas tem que ser proibido logo, assim que fazem a instalação. Não adianta deixar para depois. A gente tem visto as pessoas colocando e ninguém coíbe. Não dá para esperar um processo na Agefis, por exemplo;, acredita.
Carlos César lamenta o fato de não ter visto, nos últimos tempos, uma ação de fiscalização rotineira na cidade para resolver problemas que não envolvam somente a instalação de propaganda. ;Há um descontrole e, enquanto isso, os outdoors aparecem. E não é só isso: temos quiosques e tendas espalhados por toda a cidade. Estão colocando uma Brasília dentro da outra, a Brasília feia e descuidada. Para nós, resta o saudosismo;, lamenta.
Para o administrador Aires Hypólito, 60 anos, morador do Lago Norte, os painéis no caminho para o aeroporto chamam mais a atenção do que as placas de alerta aos motoristas e pedestres. ;A sinalização é precária, enquanto a propaganda é grande, eletrônica e agride visualmente a paisagem;, define. Aires questiona por que as peças foram autorizadas. ;Brasília é uma cidade tombada, como foi permitido? Isso é uma poluição visual, altera o verde da cidade e a vista que a gente tem do horizonte;, conclui.
Leonardo Borges, 28 anos, morador de Taguatinga, passa todos os dias próximo ao SIA e pela EPTG para chegar em casa. Para ele, os outdoors e os painéis de propaganda não atrapalham o trânsito nem distraem motoristas, mas trazem outros prejuízos à cidade. ;O problema, para mim, é a poluição visual, deixa a paisagem feia. Como moro em Taguatinga, passo sempre pela EPTG e vejo muitos pelo caminho até a minha casa. Na saída de Águas Claras, muitas lojas também colocam anúncios no meio da rua;, comentou.
Operações
Enquanto o estudo não é finalizado, a Agefis garante que tem feito operações para combater as propagandas irregulares. ;A fiscalização ocorre por meio de uma programação fiscal ou de denúncias. Assim, os auditores vão ao local e notificam a empresa que instalou o engenho em área ou pública ou sem autorização;, informou o órgão, por meio de nota. Se a propaganda for irregular, a empresa tem 20 dias para retirar o outdoor e, caso seja descumprido esse prazo, a Agefis pode multar e demolir a peça.
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