Cidades

Família reclama contra demora em investigação de morte de jovem na BR-070

Os parentes organizam um protesto em frente à delegacia responsável pelo caso como forma de pressionar as autoridades

postado em 25/07/2015 19:39
Pouco avançou a investigação sobre a morte da vendedora Talitha Cacau Rocha Passos, 25 anos, quase um mês depois de o corpo dela ser encontrado com sinais de estrangulamento e abandonado atrás de um campo de futebol, às margens da BR-070. Os familiares da vítima alegam falta de informações por parte da Polícia Civil. A jovem foi localizada em 29 de junho, dois dias após o último contato com o marido, feito por telefone, no trajeto do trabalho para casa. Na época, suspeitava-se de que Talitha teria sido mantida em cárcere privado antes de ser assassinada.

O marido de Talitha, David (com a filha, Natany), e a mãe dela, Cícera Maria, no Cemitério de Taguatinga: busca por justiça

Segundo a mãe, Cícera Maria Cacau, 48, o silêncio da polícia preocupa a família. Do início das apurações até agora, quase nenhuma informação sobre o caso foi repassada aos parentes. ;Hoje, completamos um mês sem a Talitha e ainda nem vimos o laudo da morte. Essas coisas demoram, eu sei, mas ninguém dá notícias;, lamentou. Para chamar a atenção das autoridades, será iniciada uma campanha nas redes sociais. Uma caminhada também deverá mobilizar moradores de Águas Lindas (GO), onde moram amigos e familiares. ;Quero resolver esse assunto;, acrescentou.

O tio de Talitha, José Cacau, 36, acredita que a polícia não pretende envolver a família nas investigações. Os agentes suspeitariam, segundo ele, de que o responsável pelo homicídio seja alguém próximo. ;Eles não estão dando detalhes. Falaram sobre a proximidade entre o bandido e os parentes;, contou. Mas Cícera Maria duvida. ;Quem tramou essa coisa horrível deve estar correndo para ;uma lonjura; (sic) qualquer;, indagou. Segundo a família, Talitha não tinha desafetos. Também não era de ;dar conversa; para desconhecidos.

Três semanas antes do crime, Talitha mudou-se com os dois filhos, João Nicolas, 5 anos, e Natany, 1, para a casa de David Delfino, 32, namorado dela havia 4 anos. ;Vivíamos o nosso momento de felicidade. De repente, fomos interrompidos. Vejo isso como um pesadelo que precisa acabar logo;, desabafou o comerciante. Com a morte da mulher, deixou Nicolas, filho apenas dela, com a avó materna. Natany acompanha o pai na loja dele, no Jardim Brasília, durante o expediente, e permanece na companhia dele o restante do dia.



O primeiro aniversário da menina foi comemorado em 24 de junho. ;Imagina uma garotinha crescer sem esse contato? A mãe nunca mais estará presente. Não vai ensinar ;coisas de mulher;, dar conselhos, ajudar a filha;, disse David. Para não deixar que a filha cresça sem as lembranças de Talitha, ele prometeu levá-la semanalmente ao Cemitério de Taguatinga. Ele visita o espaço sempre que pode e pretende fazer disso um hábito.

Por causa da falta de notícias, parentes e amigos de Talitha organizam uma manifestação para o próximo dia 29, quando se completa um mês do assassinato. A intenção é pressionar as autoridades para adiantar as investigações e pedir que a Polícia Civil informe sobre os avanços. Por isso, todos devem se reunir em frente à 24; Delegacia de Polícia (Setor O), vestindo camisetas personalizadas e segurando cartazes. ;Nós não vamos desistir;, completou David.

;Nenhuma novidade;
Nos últimos 25 dias, o Correio entrou em contato com a Divisão de Comunicação da Polícia Civil via e-mail e por telefone. Aproximadamente 20 mensagens foram enviadas, e, para todas, recebeu sempre a mesma resposta: ;a delegacia segue investigando. Até o momento, nenhuma novidade;. O Correio também compareceu duas vezes à 24; DP, mas não foi recebido por nenhum investigador. O delegado Alexandre Nogueira, chefe da unidade, informou ontem, por telefone, ;não ter novidades ou esclarecimentos para prestar;.

Memória

Os parentes organizam um protesto em frente à delegacia responsável pelo caso como forma de pressionar as autoridades
Morta a caminho de casa
A polícia encontrou o corpo de uma jovem desaparecida na manhã de 29 de junho. A família havia reclamado do sumiço de Talitha Cacau Rocha Passos, 25 anos, dois dias antes, quando ela fez o último contato telefônico com o marido. A vendedora saiu do shopping em que trabalhava, no Guará, e pegou um ônibus para Águas Lindas, onde morava com o marido, David. Ela telefonou para ele avisando de um atraso por causa do trânsito e nunca mais foi vista. O corpo foi encontrado na altura da BR-070, atrás de um campo de futebol. Testemunhas afirmaram que a mulher teria descido do ônibus acompanhada de um homem.

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