Jornal Correio Braziliense

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Mesmo com 441km de ciclovias, DF não é amigável ao uso de bicicletas

Especialistas e militantes apontam que é necessária a mudança de mentalidade da população e do governo em relação aos transportes alternativos. Construção de viaduto no Sudoeste, por exemplo, desconsidera as ciclovias

O Distrito Federal tem 411km de ciclovias, mas não é considerado pelo brasiliense uma região amigável ao uso de bicicletas. A falta de investimento em políticas públicas para o meio de transporte alternativo é o principal problema. Mas a lista de reclamações inclui a falta de placas e a sinalização em desacordo com o Código de Trânsito Brasileiro nas ciclovias; os trajetos malconservados e muito mais longos que o dos carros; e a ausência dessas vias nas principais pistas de velocidade que ligam as regiões administrativas. O maior exemplo vem com a construção do viaduto que ligará o Sudoeste ao Parque da Cidade, que não foi pensado com acesso a pedestres e ciclistas. Especialistas de trânsito e militantes apontam que a forma de pensar os projetos de trânsito é anacrônica: leva a mais gastos, não resolve os engarrafamentos e prioriza o carro particular.

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A funcionária pública Luciana Barreto, 30 anos, usa a bicicleta como meio de transporte para ir ao trabalho, na Esplanada dos Ministérios. Ela já pedalou em locais como Inglaterra e Holanda e diz ser impossível não comparar as experiências. Em Amsterdã, por exemplo, ela conta que não há tantas ciclovias como no DF, mas motoristas e ciclistas compartilham o asfalto respeitosamente. ;As ciclovias são importantes nos trechos de ligação. Não precisamos desses trechos em vias de 40km por hora, como ocorre nas entrequadras do Plano Piloto. O que falta é educação. São coisas simples, como o motorista respeitar o espaço de 1,5m entre carros e bicicletas;, explica.

O desconforto entre ciclistas e governo ficou ainda mais claro no passeio ciclístico promovido pela organização não governamental Rodas da Paz que, sem apoio de autoridades, reuniu 10 mil pessoas no domingo. Os manifestantes pediam a aplicação da Lei Distrital n; 3.639, de 2005, que exige as vias exclusivas ligando cidades do Distrito Federal, aprovada há 10 anos. Presidente da ONG, Renata Florentino explica que os militantes lutam por melhores infraestrutura, fiscalização e educação. ;Quando falamos do desenho da cidade, falamos das novas obras que o GDF anunciou. Brasília tem um espaço viário generoso. E as pessoas acham que quanto mais espaço para os carros, menores serão os congestionamentos. Isso não corresponde à realidade;.

A Rodas da Paz pediu ao governo os dados das velocidades médias das vias monitoradas por radares. A intenção é comparar os dados com as metas de redução que justificariam novas obras e questionar os projetos da forma como são pensados, a fim de colocá-los em acordo com a Política Nacional de Mobilidade Urbana (veja O que diz a Lei). A organização não obteve resposta.

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