postado em 05/08/2015 15:29
Servidores técnico-administrativos de 61 universidades públicas brasileiras iniciaram hoje (5/8) dois dias de manifestações na Esplanada dos Ministérios. Eles pedem que o governo federal revise os cortes orçamentários aplicados às universidades e que reajuste em 27% os salários, de forma a compensar as recentes perdas salariais. De acordo com líderes do movimento, a pauta de reivindicações inclui ainda a realização de concursos públicos para que as universidades deem conta da expansão pela qual têm passado nos últimos anos.Segundo o coordenador geral da Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-Administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (Fasubra), Rogério Marzola, o governo tem feito propostas aquém das expectativas dos servidores.
;Eles apresentaram uma proposta de apenas 21% de aumento salarial a ser aplicado nos próximos quatro anos. Isso é insuficiente, do nosso ponto de vista, porque, só com as perdas salariais, já contabilizamos uma desvalorização de 27% dos nossos salários;, disse Marzola, momentos antes de os manifestantes se deslocarem até o Ministério da Educação, onde ficarão em vigília até a meia-noite.
Ao longo do dia, está prevista uma série de debates e de eventos culturais no acampamento que, segundo ele, deverá receber cerca de 2 mil pessoas. Amanhã (6/8), o movimento se juntará a uma manifestação mais ampla, abrangendo outras categorias do serviço público federal.
Para o sindicalista, o corte no orçamento das universidades vai piorar ainda mais a situação das instituições de ensino público. ;Funcionários terceirizados já foram demitidos, o que tem precarizado ainda mais áreas como as de limpeza e de segurança;. Marzola informou que as universidades estão mobilizadas desde o dia 28 de maio. ;Nem a matrícula dos alunos está sendo feita.;
Ele acrescentou que estão em Brasília caravanas vindas de diversas partes do país, inclusive de localidades como os estados do Pará e Amapá. ;Muitos deles passaram mais de três dias na estrada para participar das manifestações. Isso mostra a vontade e a força política de nossa greve;, destacou o coordenador da Fasubra.
Com 68 anos de idade, o servidor aposentado Ismael Silva encarou uma viagem de 44 horas do Rio Grande do Norte até Brasília onde participar das manifestações. Nem as dores decorrentes de um problema de hemorroidas o desanimaram de fazer esse sacrifício para, além de reivindicar seus direitos, passar um pouco de seus mais de 20 anos de experiência em ações como esta.
;É um esforço grande, porém necessário para repassar aos mais jovens um pouco da experiência que adquiri. Por isso, não me sinto cansado;, disse Silva. ;Não há outra saída para os trabalhadores, senão pressionar o governo por meio de greves. Tudo sempre é muito difícil porque o governo sempre coloca obstáculos até mesmo para a abertura de um simples canal de diálogo;, acrescentou o servidor aposentado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Aos 24 anos, a técnica de laboratório Jéssica Galeco participa da primeira greve. ;Estou há menos de um ano nesse emprego e já sinto meu salário defasado. As dificuldades são cada vez maiores até para pagar meu plano de saúde;, disse Jéssica, servidora da Universidade Federal do Paraná.
Inspirada na luta da irmã, que é professora estadual e tem participado de atos contra o governo do Paraná, Jéssica considera arriscado qualquer adiamento das reivindicações apresentadas ao governo pela Fasubra. ;Vendo a situação da minha irmã e de seus colegas de trabalho, entendi o quão importante é participar de manifestações como essa porque quanto mais tempo ficamos quietos, mais acumulados ficam nossos problemas, e mais complicada fica uma solução. No nosso caso, a defasagem salarial vem desde 2010. Se agora está em 27%, logo, logo estará em 40 ou 50%;, afirmou.
Prefeitos ligados à Confederação Nacional dos Municípios (CNM) também fazem manifestação hoje na Esplanada dos Ministérios. Eles pedem ao governo federal e ao Congresso Nacional a aprovação ;imediata; do pacto federativo e do projeto que impede o governo de transferir novos encargos aos municípios, sem a correspondente fonte que garanta sua manutenção.
Segundo a CNM, há prefeituras que pretendem dar fim a alguns dos 390 programas do governo federal cujos valores não são reajustados há anos. Os prefeitos pedem também o pagamento dos mais de R$ 35 bilhões devidos pelo governo federal às prefeituras, que, segundo a confederação, são relativos a restos a pagar.