Cidades

Meu pai é uma figura: No dia deles, uma homenagem aos menos convencionais

Quatro pais que fogem a todos os estereótipos

postado em 09/08/2015 08:02
Há pais de todo tipo: engravatados, esportistas, nerds, amantes da natureza, caseiros, aventureiros. Alguns ficam em casa para cuidar dos filhos; outros ligam da oficina para matar a saudade. Uns são mestres do churrasco; outros adoram uma noite de pizza. Tem o pai que prefere cerveja; o que escolhe um bom vinho. Há os cinéfilos,
os que amam passar o tempo lendo, os que só querem saber de jogar videogame. Uma coisa é certa: são justamente as excentricidades e as características únicas que os fazem ser tão amados.

No dia deles, o Correio Braziliense traz histórias de quatro pais que surpreendem pelos hobbies ou profissões pouco convencionais: um tatuador, um colecionador de robôs, um observador de pássaros e um metaleiro. Enquanto alguns podem achar particularidades um tanto inusitadas, para a família, as manias dos pais fazem parte do cotidiano. Eles são admirados pelos filhos, que, muitas vezes, acabam herdando alguns dos gostos e interesses.

O observador de aves
Quatro pais que fogem a todos os estereótipos
A aventura, o amor pela natureza e o olho aguçado por trás da lente fotográfica são o que unem o veterinário Carlos Goulart e o filho Arthur, 14 anos. Amante da fauna silvestre por profissão, o pai se interessou pela observação de pássaros há cerca de dois anos, quando conheceu o grupo Observadores de Aves do Planalto Central, comunidade brasiliense dedicada à atividade. Embrenhar-se em matas e florestas para conseguir fazer o clique perfeito de uma espécie alada diferente se tornou uma paixão. Com a ideia de compartilhar o hobby com o filho, deu uma câmera para ele de aniversário, há dois anos. ;O passatempo nos aproximou muito e somos muito amigos. Temos muita cumplicidade;, diz Carlos.

A dupla já viajou para diversos locais para fazer ;passarinhadas;, como são chamadas as saídas a campo para observar aves. O Pantanal de Mato Grosso e as chapadas dos Veadeiros e dos Guimarães foram alguns dos destinos visitados. Antes de embarcarem na aventura, pai e filho fazem pesquisas sobre as espécies a serem estudadas para aprender como localizá-las. ;É uma forma de tirar o Arthur do universo dos videogames;, brinca o pai. O mais jovem se empolga com a aventura. ;Gosto de tentar conseguir fotos cada vez melhores, é bem legal;, diz.

Para Carlos, a melhor parte de observar pássaros com o filho é a afinidade construída entre os dois. ;Em algumas viagens, ficam vários dias na mata. Para conseguir fotografar as diferentes espécies, às vezes, é preciso esperar muitos dias em silêncio, saber se movimentar juntos para não espantar os pássaros. Traz muita sintonia;, garante.

O tatuador
Quatro pais que fogem a todos os estereótipos
Maurício Natividade, 37 anos, e os dois filhos menores ; Gabriel, 7, e Eric, 2 ; têm uma paixão em comum: desenhar. Dragões, águias, flores e outras imagens fazem parte do imaginário das duas gerações de artistas. Enquanto os pequenos ensaiam os traços no papel, o pai os aplica uma superfície diferente: a pele. Há cinco anos, ele trabalha como tatuador, dividindo o tempo entre o estúdio na Asa Norte e a família. A profissão pode parecer diferente para alguns, mas faz parte do cotidiano de Gabriel e Eric, que acham divertido ver as caixas de tintas e os fichários com desenhos do pai.

;Eu queria seguir a profissão desde os 12 anos. Gosto muito de poder fazer parte da história das pessoas por meio das tatuagens;, afirma Maurício. Ao longo da rotina de trabalho, o amor pelos filhos sempre o acompanha. Entre as muitas tatuagens que tem, uma das mais queridas de Maurício são o nome dos filhos, que escreveu nas mãos: em uma, Gabriel, e na outra, Marcelo, o mais velho, de 17 anos. ;Eles gostam bastante de tatuagens. Marcelo até já tem algumas ideias sobre as que quer fazer;, conta o pai. Gabriel também admira os desenhos na pele do pai. ;A tatuagem de que eu mais gosto é a que ele tem no braço;, diz.

A rotina de Maurício é pesada, mas, no tempo livre, ele aproveita para passear e brincar com os filhos. Com Marcelo, ainda, compartilha a paixão pelo skate. ;Quando ele começou a andar, eu quase nunca conseguia vê-lo, porque ele só queria saber disso. Então, decidi virar skatista também. Nó nos divertimos muito;, diz Maurício.

O nerd
Quatro pais que fogem a todos os estereótipos
Em um armário da casa, no Lago Sul, o engenheiro Paulo Pedroza, 54 anos, guarda um tesouro capaz de fazer qualquer pessoa que cresceu em 1960 e 1970 sentir o coração amolecer de nostalgia. De todas as formas e tamanhos, verdes, vermelhos, amarelos, de plástico ou metal, cerca de 60 robôs antigos ficam enfileirados nas prateleiras, como um convite para a brincadeira. Paulo começou a coleção há cerca de 10 anos. ;Estava visitando uma feira de Londres quando vi um robô que me chamou a atenção. Decidi comprar e, desde então, nunca mais parei;, relata. Sempre que viaja, sai à caça de novas peças, ou procura artigos diferentes na internet. ;Há várias comunidades de colecionadores que ajudam dando dicas e fazendo trocas. Tenho itens de vários países, como Japão, Estados Unidos e Alemanha.;, acrescenta.

De acordo com o engenheiro, além do colorido e da estética, o que os brinquedos representam é o que lhe chama mais a atenção. ;Entre os anos 1960 e 1980, toda essa questão da ciência, das viagens espaciais e do futuro empolgava muito os mais novos, e os robôs faziam parte dessa tendência;, diz. Ao longo da infância, os filhos de Paulo ; Fernanda, 26, e Eduardo, 23 ; alimentaram sonhos de uma geração diferente, mas, mesmo assim, são cúmplices da diversão do pai. A filha, inclusive, foi quem incentivou o engenheiro a começar a coleção, ao lhe dar o primeiro catálogo de robôs antigos. ;Quando eu ou meu irmão viajamos, sempre procuramos algum item novo para ele;, diz a publicitária. Ela mesma herdou o gene de colecionadora. ;É de família. Gosto de colecionar ímãs de pinguins e bonecos;, conta.

O metaleiro
Quatro pais que fogem a todos os estereótipos
Entre a bateria, as guitarras e as caixas de sons do músico Fábio Cota, 41 anos, conhecido como ;Marreco;, é possível encontrar, de vez em quando, um cavalinho de madeira rosa, um boneco colorido ou um animal de brinquedo. Fã de heavy metal, Fábio ostenta uma cabeleira comprida, no melhor estilo de bandas como Iron Maiden e Kiss, que pouco lembra os delicados cachos louros da filha Bruna, 3, dona dos brinquedos espalhados pela casa no Lago Sul. O sorriso e o gosto pelo rock, no entanto, são os mesmos. ;Ela adora Ozzy Ousborn e Led Zeppelin. Quando coloco algum CD pra tocar, ela canta junto. E eu também sei todas as músicas de Frozen, um dos filmes favoritos dela;, brinca o pai.

Fábio começou a gostar de heavy metal ainda na adolescência. ;Eu gostava de desenhar e um amigo me pediu que fizesse uma cópia de um pôster do disco Live after death, de Iron Maiden. Fui ouvir as músicas e adorei;, conta. Hoje, ele tem duas bandas do estilo e se encarrega de produzir eventos na área. Fã de Star wars, também coleciona inúmeros objetos da franquia, incluído uma máquina de pinball com tema dos filmes, diversão de Bruna.

Pai-coruja, ele sorri vendo a filha sentada na bateria, brincando com as baquetas. Quando perguntada o que acha de rock, Bruna responde, tímida: ;Gosto!” Além de curtir música juntos, pai e filha compartilham outros passatempos. ;Assistimos a muitos filmes de animação e também gostamos de caçar insetos no quintal;, conta o pai.

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