Cidades

Conheça Emanuel, um jovem com Down que nunca desistiu de aprender

Funcionário do STJ, ele agora planeja realizar outros sonhos. Apoio da família e da escola foi fundamental para a vitória

postado em 11/08/2015 07:05


Aos 28 anos, Emanuel Bonfim havia acompanhado várias formaturas: a do pai, a da madrasta, a da irmã; Mas faltava a dele. ;Chegou um momento em que ele não queria mais ir à escola. Ele dizia: ;poxa, todo mundo termina a escola! Eu não vou terminar?;;, conta a irmã e jornalista Isabela Bonfim, 24. Em julho, Emanuel, que tem síndrome de Down, conseguiu realizar o sonho de concluir a segunda etapa do ensino fundamental no Centro de Educação de Jovens e Adultos (Cesas), localizado na 602 Sul. ;;Foi uma alegria e tanto, porque vi que tudo o que fiz com esforço, com sacrifíco, no fim, me deu uma boa formação;, comemora o jovem.

;Na cerimônia de formatura, ele chorava muito e beijava o diploma;, relembra a professora de português Marcilia Dalosto, 49. ;Comecei a trabalhar no Cesas há três anos e, desde aquela época, ouvia o Emanuel falar sobre como seria o dia da formatura, como ele imaginava todo mundo gritando por ele: ;Manu, Manu!’; Para se formar no ensino fundamental, foi essencial a ajuda do pai, Genivaldo Bonfim, 48 anos, técnico de segurança e transporte da Procuradoria-Geral do Ministério Público. Durante a cerimônia, Genivaldo também foi homenageado: ganhou um certificado pela participação na educação do filho. ;Ele não foi apenas um pai, foi um professor;, define Marcilia. ;Foi muito emocionante acompanhar essa história, ver os dois chegando juntos, abraçadinhos na escola, ver o pai ensinando o filho.;

Em 1987, quando Emanuel nasceu, Genivaldo traçou uma meta: ;Decidi que queria criar meu filho para que ele levasse a vida mais normal possível;. Nesse caso, a escola não é importante só para a aquisição de conhecimento, é também uma forma de garantir que a pessoa com síndrome de Down possa conviver com colegas e ter uma vida social. No ensino especial, no entanto, Emanuel estava se sentindo estagnado, já que o método não é dividido em séries, como no ensino tradicional. Em 2011, ele migrou do ensino especial para a Educação de Jovens e Adultos (EJA), que recebe pessoas que tiveram a educação interrompida e querem concluir os estudos. ;Quando foi para o ensino regular, Emanuel viu que havia séries para concluir, então ele poderia se planejar e estabelecer metas;, relata a irmã Isabela.

Em 2012, veio mais uma mudança: Emanuel passou a estudar por educação a distância para definir a própria agenda. ;Assim, eu poderia me organizar na vida, ir para festas sem me preocupar com o horário de voltar para casa, ver televisão;, conta. Genivaldo ajudava o filho a estudar. Para ensinar o conteúdo, teve que revisar matérias vistas anos atrás e esquecidas. O pai também preparava listas de exercícios e visitava com frequência a escola para tirar dúvidas com professores, negociar datas de exames e pedir que aumentassem a fonte em que as provas eram impressas.

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