A Polícia Civil prendeu cinco homens de Aracaju (SE) que praticavam golpes de estelionato no Lago Norte, região nobre do Distrito Federal, desde o início de julho. O grupo vendia livros no valor de R$ 690 e se apresentava na porta das casas dos moradores. Eles se passavam por representantes de entidades assistencialistas em recuperação de usuários de drogas ou estudantes que havia conquistado meia bolsa de estudos e buscava o benefício integral. No entanto, a polícia identificou que tudo não passava de uma farsa.
Desde terça-feira (11/8), investigadores da 9; Delegacia de Polícia (Lago Norte) identificaram cinco vítimas. A polícia encontrou uma nota fiscal com os suspeitos que revelava o valor de R$ 40 de um dos livros vendidos a R$ 690. Segundo o delegado Sílvio Cerqueira, os homens faziam uma pesquisa prévia para identificar o perfil das vítimas. ;Eles buscavam avaliar se os moradores tinham filhos em idade escolar, além de saber como enxergavam o problema das drogas. Inclusive, ao se apresentarem como representantes de entidades de assistência a dependes químicos, eles se passavam por ex-usuários de drogas atendidos na instituição;, explicou.
Os cinco homens foram presos em flagrante e, segundo a polícia, fazem parte de um grupo de, pelo menos, dez suspeitos. Cada abordagem às vítimas era feita por uma dupla. Quatro deles eram vendedores e um atuava como espécie de supervisor. O valor da venda de R$ 690 poderia ser dividido em até seis vezes no cartão de crédito ou cheque. De brinde, eles levavam mais um exemplar.
Os moradores que quisessem colaborar com a causa também poderiam doar valores aleatórios. A partir de R$ 50 as vítimas ganhavam um mapa do Brasil como brinde. ;Uma das vítimas suspeitou após fazer uma doação para a tal entidade assistencialista e receber um livro de brinde. Posteriormente, chegou na casa dela um recibo da doação que tratava apenas do livro, mas não falava da instituição de assistência a dependentes químicos;, explicou o delegado.
A vítima fez uma pesquisa na internet, viu um caso de fraude semelhante de uma quadrilha presa em Campo Grande, e resolveu telefonar para a empresa de Aracajú identificada no recibo. ;Informaram a ela que a empresa não tinha nenhum representante no Distrito Federal nem fazia doações a entidades de recuperação de usuários de droga;, ressaltou Cerqueira.
Uma segunda vítima teria doado R$ 230 para a suposta entidade e recebeu um mapa de brinde.
Em depoimento, os cinco homens disseram à polícia que vendiam livros, mas negaram a farsa de se passarem por representantes de entidades ou alunos que buscavam complementar bolsa de estudos. O grupo também não tinha previsão para retornar à Aracaju. ;Enquanto estivessem vendendo livros eles ficariam por aqui, ou depois iria para alguma outra cidade;, explicou o investigador.
Os quatro homens que se passavam por vendedores dos livros foram autuados por estelionato. Já o suposto supervisor vai responder pelo mesmo crime duas vezes. Se condenados, podem pegar de 1 a 5 anos de prisão. ;Se alguém identificar que passou por uma situação semelhante procure a delegacia;, recomendou Cerqueira.