; Meu filho, por que você está triste?
; Meu coração foi embora, pai.
Foi assim que o pequeno Daniel Costa Ibiapina, 4 anos, explicou para o pai o motivo do desânimo dos três únicos dias em que a mãe não conseguiu acompanhá-lo no hospital, em São Paulo. A mãe, a médica Carina Costa Ibiapina, 38, veio a Brasília ficar com os outros dois filhos, Gustavo, 7, e Miguel, 2. Mas por quatro meses ela não desgrudou de Daniel. Alugou um apartamento na capital paulista para acompanhar a criança no tratamento contra a leucemia. ;A gente era um só;, define a mulher. Apesar de ter passado por um transplante em São Paulo, o menino não resistiu. Agora, o coração que ficou sem um pedaço foi o de Carina. Para lidar com a dor da perda de um filho, a família decidiu ajudar outras crianças que passam pelo mesmo tratamento.
Leia mais notícias em Cidades
Depois de um encontro na Associação Brasileira de Assistência às Famílias de Crianças Portadoras de Câncer e Hemopatias (Abrace), Carina e o marido, o também médico Ricardo Costa Ibiapina, 41, encontraram ali uma maneira de dar outro significado à tristeza pela perda de Daniel. Primeiro, fizeram uma campanha entre amigos para arrecadar um complemento alimentar infantil. ;Quando começamos a mobilização, esperávamos arrecadar mil latas. No fim, tínhamos seis mil;, relembra a médica. Agora, eles colaboram com uma a campanha de uma rede de fast food que realiza um dia de mobilização em todo o país, no último sábado de agosto (leia Participe).
Todos os anos, a venda dos lanches é revertida para projetos pela cura do câncer infantil e juvenil no Brasil. Em Brasília, a Abrace, instituição beneficiada, usará o valor para construir um espaço pedagógico. A ideia é permitir que as crianças em tratamento continuem os estudos, mesmo longe da escola. Uma das salas vai levar o nome de Daniel. ;Nós entendemos que a educação é uma forma de inclusão. Isso vai ajudar essas crianças e esses adolescentes a verem a vida por um outro lado, do convívio, do aprendizado, do conhecimento;, afirma a presidente da instituição, Ilda Peliz.
O novo local oferecerá assistência no horário contrário das consultas e dos exames. Contará com brinquedoteca, salas de música e de terapia ocupacional, entre outras atividades. A obra está orçada em R$ 577 mil, e a expectativa é de que a construção comece logo depois da campanha, no espaço da Abrace, no Guará 2. ;As crianças passam muito tempo fora da escola no período em que deveriam ser estimuladas;, comenta Carina. Enquanto estava internado em São Paulo, Daniel recebia a visita de uma professora todos os dias.
A matéria completa está disponível aqui, para assinantes. Para assinar, clique aqui.