Cidades

Correio conquista o mais importante prêmio sobre direito do trabalho

Série de reportagens que venceu o Prêmio MPT de Jornalismo mostra a exploração da mão de obra e do corpo de meninas descendentes de escravos por parte dos patrões dela, na região da Chapada dos Veadeiros (GO)

postado em 14/08/2015 21:58
O jornalista Renato Alves e o fotojornalista Marcelo Ferreira vencem a fase regional em duas categorias: jornal impresso e fotojornalismo
A série de reportagens sobre a exploração de meninas Kalunga de Cavalcante (GO), publicada em abril, rendeu ao Correio Braziliense o Prêmio MPT de Jornalismo. Organizado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), o concurso é considerado o mais importante do país, no que se refere à valorização de reportagens e denúncias sobre o direito do trabalho. Os vencedores foram conhecidos na noite desta sexta-feira (14/8), em solenidade realizada no Distrito Federal.

Intitulada ;A segunda escravidão;, a série de reportagem do Correio foi duas vezes finalista do Prêmio MPT de Jornalismo. Na categoria fotojornalismo, com as imagens de Marcelo Ferreira, 43 anos, e na categoria jornal impresso, com o texto de Renato Alves, 40. Marcelo é repórter fotográfico do jornal há 15 anos. Hoje coordenador de reportagem do caderno Cidades, Renato trabalha no Correio há 15. Exercendo a função de repórter, ele cobriu alguns dos casos mais famosos do país e eventos internacionais, como o terremoto no Haiti e a Copa do Mundo da África do Sul.
Capa do jornal em 12 de abril publica o início da série de reportagens Por meio da série ;A segunda escravidão;, a dupla mostrou que meninas descendentes de escravos nascidas em comunidades kalungas da Chapada dos Veadeiros protagonizam as mesmas histórias de horror e barbárie dos antepassados, levados à força para trabalhar nas fazendas da região nos séculos 18 e 19. Sem o ensino médio e sem qualquer possibilidade de emprego além do trabalho braçal em terras improdutivas nos povoados onde nasceram, elas são entregues pelos pais a moradores de Cavalcante.

Na cidade de 10 mil habitantes, no nordeste de Goiás, a 310km de Brasília, a maioria trabalha como empregada doméstica em casa de família de classe média. Em troca, ganha apenas comida, um lugar para dormir e horário livre para frequentar as aulas na rede pública. Para piorar, fica exposta a todo tipo de violência. A mais grave, o estupro, geralmente cometido pelos patrões, homens brancos e com poder econômico e político. É o caso da jovem que estampou a capa da edição de 12 de abril do Correio, em fotografia de Marcelo Ferreira, no primeiro dia da série de reportagens. Ela foi estuprada pela primeira vez aos 10 anos e, hoje, com 13, é mãe de um bebê.

Os mais de 250 trabalhos inscritos das cinco regiões do país concorreram em oito categorias do Prêmio MPT: jornal impresso, revista impressa, radiojornalismo, telejornalismo, webjornalismo, fotojornalismo, universitário e repórter cinematográfico, além dos dois prêmios especiais: fraudes trabalhistas e Prêmio Especial MPT de Jornalismo.

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