Eles são rapazes comuns, de carne e osso, com medos, dúvidas, desejos e vontades. Mas uma escolha fez com que a vida deles fosse bastante diferente. Sem baladas, bebidas ou namoros. Entraram para o universo religioso, convictos de que a vocação deles é serem padres. A missão de se preparar a fim de levar Deus ao mundo continua a mesma para os seminaristas desde 1563 ; quando a Igreja Católica oficializou as "escolas" de formação sacerdotal, mas o dia a dia deles ficou bem mais complicado. ;Na nossa época, a juventude era diferente. Hoje, para ser casto e religioso, tem que superar internet, WhatsApp, pornografia. As solicitações do mundo, agora, são maiores;, explica o reitor do Seminário Missionário Arquidiocesano Redemptoris Mater, padre Juan José Armendáriz.
O seminário de padre Juan, no Lago Sul, é um dos três arquidiocesanos existentes no Distrito Federal. Os outros dois ; o Nossa Senhora de Fátima, também no Lago Sul, e Propedêutico, em Taguatinga ; são essencialmente para a formação de sacerdotes paroquiais. O Redemptoris Mater é o único missionário, ou seja, ordena religiosos que necessariamente viajarão pelo planeta para espalhar a palavra de Deus. O local já mandou padres para China, Estados Unidos e Chile, entre outros.
Quatro estudantes do seminário contaram ao Correio os desafios e a razão para escolherem a vida religiosa. David Ezequiel Mariano, 25 anos, é argentino e chegou recentemente a Brasília. Cursa o 1; ano. Por isso, inclusive, ainda não usa a roupa preta tradicional. Só poderá vesti-la depois de seis anos de estudo, quando passar pelo período de itinerância, em que o seminarista mora três anos em diferentes locais, em missão religiosa. ;Eu recebi uma educação cristã, criei uma relação própria com Deus aos 14 anos. Mas a vida que eu estava construindo não estava certa. Não me fazia feliz;, revela David. Aos 23, assim que terminou a faculdade de história, estava determinado a seguir doutorado e mestrado. Também conheceu uma garota. ;Mesmo assim, nada fazia sentido. Eu não estava no mundo para fazer aquelas coisas, porque elas não me preenchiam;, justifica. Então, David juntou dinheiro para participar da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), no Rio de Janeiro, em 2013. Lá, recebeu o chamado. ;Foi um presente de Deus. Ele me chamou e me mostrou o caminho. É uma intuição profunda dentro de nós;, indica.
Há cerca de nove anos, Isaac Silva Rocha, 28, procurou esse caminho. Em 12 meses estará pronto para a missão de ser padre. Caçula de seis irmãos e apaixonado por futebol, ele é filho de um militar e de uma dona de casa. Teve educação rigorosa, mas um abuso sofrido aos 3 anos fez com que ele fosse tentado a seguir para o lado do mal. ;Eu lembrava disso e me dava uma revolta, uma raiva, queria matar as pessoas. Comecei a buscar afeto em namoradas e muitas me fizeram mal. Eu estava violento na escola e, acima de tudo, sentia um vazio. Minha existência não tinha sentido;, revela. Mesmo com esses sentimentos, em 2006, Isaac resolveu entrar para o seminário, mas foi uma viagem para Israel, dois anos depois, que o fez crer na vocação. ;Lá foi onde eu senti, de verdade e de forma profunda, esse amor de Deus. Experimentei algo que não conhecia. E, se eu não tivesse carregado essa tristeza anteriormente, não teria encontrado o Senhor;, afirma.
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