Cidades

Quinze anos depois de massacre na Papuda, presídio continua superlotado

O sistema prisional do DF tem 7.411 vagas e o dobro de detentos: 14.615

Adriana Bernardes
postado em 17/08/2015 07:39
Viúvas choram na porta do presídio: a morte dos detentos, em agosto de 2000, até hoje suscita dúvidas e mistérios

O maior massacre da história da Papuda durou apenas 50 minutos e foi praticado por cerca de 200 detentos munidos de armas artesanais. Eles invadiram o Pavilhão B e atearam fogo aos colchões da cela 1, onde havia 15 presos. O cheiro de carne humana queimada exalou pelos corredores. Os corpos retorcidos ficaram amontoados no banheiro onde o grupo tentou se refugiar das chamas, da fumaça e do calor. Em menos de uma hora, 11 morreram queimados vivos ou sufocados pela fumaça (leia quadro). Quinze anos depois da tragédia, as causas que levaram a um dos piores episódios da Papuda acabaram nos arquivos, sem que ninguém tenha memória sobre o desfecho.

A chacina de presos sob a custódia do Estado ocorreu após o assassinato do caminhoneiro e traficante Ananias Elizário da Silva. Ele estava preso havia cinco anos e foi morto a estocadas. Era apontado como o responsável por cerca de 40 mortes e prestou depoimentos à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do Roubo de Cargas (CPMI), que investigava quadrilhas especializadas em roubo e receptação de cargas DF e em outras cidades brasileiras.

Ananias morreu dias depois de um depoimento aos parlamentares. A polícia atuava com a possibilidade de Ananias ter sido morto por vingança ; ele denunciara um plano de fuga de outros presos ;, ou por conta de uma guerra pela disputa do comando do comércio de drogas no presídio. Mas um dos parlamentares da CPMI acredita em queima de arquivo.

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