Rebeca Oliveira
postado em 23/08/2015 20:17
No ano em que se comemora 120 anos do Tratado de Amizade Brasil-Japão, o Templo Budista de Brasília (ou Templo Shin Budista Terra Pura) foi oficialmente reconhecido como Patrimônio Histórico-Cultural da cidade. A cerimônia religiosa e cívica ocorreu na tarde deste domingo (23/8), quando houve, também, homenagem aos pioneiros que ajudaram construir o local, e firmá-lo como centro de divulgação da sabedoria budista na capital.
[SAIBAMAIS]O evento teve início com um ato religioso que lembrou os 70 anos do fim da Segunda Guerra Mundial, e celebrou as boas relações diplomáticas entre o Japão e o Brasil, nação que abriga a maior comunidade japonesa fora do país oriental. Boa parte da cerimônia, no entanto, se concentrou em prestar a homenagem àqueles que trabalharam pela conquista do templo. Alçado a patrimônio, o local prossegue como ponto de reflexão e meditação para brasilienses entre as quadras 315 e 316 da Asa Sul.
Emocionada, Hiloka Kahi Mizuno, 67 anos, foi escolhida para representar o pai, Kyoto Kahi, um dos responsáveis pela construção do local. Em 1958, o saudoso patriarca da família Kahi entrou em contato com o então presidente Juscelino Kubitschek solicitando a concessão de uma área no Plano Piloto para a construção do complexo, de arquitetura com inspiração milenar e que contrasta com o modernismo de Lucio Costa e Oscar Niemeyer. ;Em momentos como estes, nos certificamos que a alma e o espírito do meu pai estão em festa. Ele cumpriu a grande missão da vida dele: trabalhar a serviço da humanidade;, afirmou a empresária aposentada.
Outro membro da comunidade japonesa que estava em festa, Takeshi Mizuno, 82, comemorou o reconhecimento oficial de algo que, para ele, já havia sido sacramentado pela comunidade brasiliense. ;Esta oficialização deve aumentar a quantidade de visitantes e frequentadores;, acredita o aposentado. O monge budista Ademar Sato, que comanda o templo desde 1998, também comemorou o reconhecimento, uma bandeira pelo qual ele luta há anos. ;É uma prova de que a luz de Buda é para todos;, declarou.
Desde dezembro, quando foi publicado no Diário Oficial do DF, o templo tornou-se patrimônio tombado do DF e é protegido contra modificações na obra original, que inclui o sino Bonshô e o campanário, além dos pórticos da entrada e das laterais. A carta que garante estas prerrogativas para a edificação e o que ela representa à cidade foi entregue por Ione Carvalho, subsecretaria de Patrimônio Cultural da Secretaria de Cultura do DF.
;Em nome do governador Rodrigo Rollemberg e do secretário de cultura, Guilherme Reis, concedo a justa homenagem a todos que colaboraram com a manutenção do Templo;, afirmou Carvalho. A ex-governadora Maria de Lourdes Abadia, o deputado distrital Joe Valle e representantes de diversos corpos diplomáticos, como da Índia e da Tailândia, também marcaram presença na celebração.
Convidados por Juscelino Kubitschek, a chegada de imigrantes japoneses a Brasília aconteceu desde a fundação da capital, há 55 anos. Grande parte veio de São Paulo, aportando em Brasília em busca de novas oportunidades. Em 1973, o Templo Shin Budista Terra Pura foi erguido e, até hoje, é tido como recanto bucólico e de calmaria em meio ao agito das quadras que o cercam. Encontros de meditação, massagens e aulas de artes marciais são algumas das atividades culturais disponíveis no local.
Durante todo o mês de agosto, a característica ecumênica do templo é reforçada com a realização da tradicional quermesse, apelidada de Festa da Buda. As celebrações acontecem todos os finais de semana e reúnem milhares de pessoas interessadas na rica cultural oriental, sobretudo na farta gastronomia. A expectativa dos organizadores é receber, até 31 de agosto, pelo menos 30 mil pessoas.
Fique sabendo
Na terça-feira, às 20h, o local volta a entrar em festa. É quando o reverendo Ademar Sato, monge residente do Templo Budista desde 1988, receberá o título de Cidadão Honorário de Brasília.