Lupita, Belinha, Chaveirinho, Julie, Amora, Toddy, Lucke, Pepa, Vitório e Valente. É difícil imaginar uma recepção mais animada da que espera a manicure Eudas Honorata Freitas, 49 anos, moradora de Luziânia, cada vez que chega em casa. Ela cuida de 10 cachorros resgatados, responsáveis por encher a casa de latidos, rabos abanando e marcas de patinhas nos móveis. Todos são vira-latas e foram encontrados pela dona nas mais tristes condições. ;Alguns foram atropelados, outros eu achei amarrados, sem comida ou qualquer cuidado. Quando vejo uma cena assim, não consigo resistir, tenho que ajudar de alguma forma;, diz Eudas. Como trabalha em domicílio e o emprego é escasso, muitas vezes precisa fazer sacrifícios para tomar conta dos cães da melhor forma. Para que não lhes falte nada, conta com a ajuda de ;madrinhas; dos animais ; amigas conhecidas por redes sociais que auxiliam nos gastos dos bichos.
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Enquanto Eudas conversa, sentada na sala de casa, os cachorros fazem festa, pulam no colo da dona e pedem carinho. Lupita, de pelo branco e manchas marrons nas orelhas, é quem mora há mais tempo com a manicure. ;Ela tinha um corte enorme nas costas quando a achei, há sete anos. Na época, eu era casada, e meu marido não quis saber de bicho nenhum e colocou Lupita para fora. Três dias depois, eu a achei de novo na rua. Não teve jeito, briguei com meu marido, mas ela nunca mais foi embora;, relata Eudas. Desde então, a quantidade de moradores de quatro patas na casa da manicure só fez aumentar. ;Sempre gostei de cachorros. Se vejo um sofrendo, preciso fazer alguma coisa;, enfatiza. Hoje, ela vive apenas com a companhia dos animais, fonte de alegria interminável na residência.
O último cão adotado é o Valente, que está internado desde que foi achado, há algumas semanas. ;Ele estava muito malcuidado, sofrendo da doença do carrapato. Quando o levei para o veterinário, ele me disse que o cachorro não conseguiria sobreviver. Mas Valente está melhorando;, diz. Assim como o cão ferido, todos os outros recebem os melhores cuidados. Eudas dá banho neles toda semana, corta as unhas, limpa os ouvidos e não deixa faltar remédios ou comida. ;Se precisar faltar ao trabalho para cuidar deles, não consigo dizer que não. Por isso, às vezes, fica difícil;, conta a manicure. Ela diz que já recebeu propostas de diversas pessoas querendo adotar os animais, mas se emociona ao dizer que não conseguiria se desapegar. ;Já tive períodos de depressão, que não teria conseguido superar se não fosse pela companhia de meus cachorros. São tudo para mim;, diz, com lágrimas nos olhos.
Apoio de amigas
Quando Eudas encontrou Belinha, em fevereiro do ano passado, a cadela estava desnutrida e era maltratada pelos donos. Desesperada, a manicure publicou fotos da cachorra nas redes sociais, à procura de ajuda. Foi como conheceu a professora universitária Marcella Godoy, 44 anos. ;Vi aquelas imagens e fiquei muito triste, quis ajudar. Fiz uma campanha para arrecadar dinheiro entre meus amigos e conseguimos custear o tratamento de Belinha no Hospital Veterinário Clemenceau;, conta a moradora do Lago Sul. Desde então, Marcella se tornaria uma parceira nas ações de resgate de Eudas.
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