postado em 02/09/2015 18:54
Dificuldade para registrar ocorrência, delegacias paradas e, inclusive, piquetes em frente a algumas unidades fizeram parte do segundo dia da greve da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), iniciada às 8h da última terça-feira. A categoria pede que o governo mantenha a isonomia salarial entre as polícias Civil e Federal, além de cobrar a convocação dos aprovados no último concurso, com o argumento de que o atual efetivo seria insuficiente. Desde o início da paralisação, as negociações encontram-se em um impasse e foram feitos poucos avanços. Apenas crimes como homicídio, latrocínio e sequestro relâmpago estão sendo atendidos. Ontem, a Procuradoria Geral do DF entrou na Justiça pedindo a declaração de ilegalidade do movimento dos agentes.Segundo o Sindicato dos Policiais Civis do Distrito Federal (Sinpol-DF), 475 servidores foram aprovados no último concurso, sendo que apenas 28 foram convocados. Além da nomeação de mais 427 agentes, a categoria também reivindica a reestruturação da carreira, em razão da defasagem salarial, ainda que a PCDF seja uma das polícias mais bem pagas do país. Um policial civil, que preferiu não se identificar, destacou as dificuldades enfrentadas dia a dia pelos trabalhadores do setor. ;Faltam mais servidores. Em algumas delegacias, é comum que apenas dois policiais atendam durante os plantões, quando deveriam ser, pelo menos, seis;, reclama. Outra das exigências dos agentes é institucionalização de normas para a remoção dos policiais de delegacias. O Sinpol alega que funcionários seriam transferidos de unidades a partir de critérios subjetivos da chefia.
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De acordo com o presidente do órgão, Rodrigo Franco, foram feitos poucos avanços em direção a um acordo com o governo. ;Não tivemos mais nenhuma resposta. A greve continua com 100% de adesão dos policiais. Estamos cumprindo com a determinação legal de manter 70% das atividades;, afirma. Em nota, a Divisão de Comunicação da PCDF reiterou que o governo ainda não fez nenhuma proposta salarial e que, quando houver alguma oferta, serão promovidos ;os estudos e medidas legais necessárias visando buscar manter a paridade hoje existente entre a PCDF e o Departamento de Polícia Federal (DPF);.
Serviços parados
Enquanto as negociações se arrastam, quem depende dos serviços da polícia é quem mais sofre com as restrições. Na porta das unidades, é possível ver cartazes pretos anunciando a greve e agentes na frente da entrada, deixando entrar apenas quem precisa registrar crimes violentos. Pela manhã, alguns agentes fizeram um piquete na guarita do Departamento de Polícia Especializada (DPE) e aproveitaram para entregar panfletos aos motoristas que passavam pela frente. A servidora Lorena Mendes, 32 anos, precisou conversar com policiais da 2; DP (Asa Norte) para conseguir que sua avó, de 90 anos, fosse atendida. ;O cartão dela apresenta alguns débitos que ela não fez. Como ela é idosa, a deixaram fazer o boletim de ocorrência. De qualquer forma, enquanto eles respeitem o mínimo de funcionários exigido por lei, sou a favor da greve;, diz.
Três perguntas para:
Rodrigo Franco, presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Distrito Federal (Sinpol-DF)
Quais são os problemas mais graves causados pelo falta de efetivo na Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF)?
As principais consequências são sobrecarga de trabalho, policiais que adoecem mais rapidamente, atrasos nas investigações e demora nas prisões, o que gera uma maior sensação de insegurança e impunidade. Nós queremos ser mais eficientes, mas é difícil com o atual efetivo.
Quais são os maiores impasses nas negociações com o Governo do Distrito Federal?
O governo sustenta o falso argumento de que uma reestruturação da Polícia Civil ultrapassaria o estipulado pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), que se baseia na arrecadação da receita do GDF. No entanto, o pagamento da segurança pública é feito com recursos federais do Fundo Constitucional, que não estão comprometidos.
O DF têm a polícia mais bem paga do país. O que justifica os ajustes salariais exigidos?
Recentemente, as polícias civis de alguns estados, como Tocantins e Rio Grande do Sul, foram reestruturadas e passarão a receber mais que a do DF. Porém, esse não é o problema. A PCDF têm conseguido prestar um serviço de qualidade, com taxas de resolução de homicídios de 70 a 80%. Em outras unidades federativas, onde o investimento é menor, esse número chega apenas a 8%.