Não importa o material que tenham à mão, para alunos do Centro de Ensino Médio 9 de Ceilândia (CEM 9) o limite é aonde a imaginação conseguir alcançar. Dentro de uma sala de aula da rede pública de ensino, eles construíram um pequeno foguete com garrafas pet, movido por uma reação entre vinagre e bicarbonato de sódio. O protótipo, feito durante oficinas desenvolvidas na escola para a Mostra Brasileira de Foguetes (Mobfog), alcançou 180 metros durante seu lançamento e agora segue para competição nacional.
A equipe formada pelos estudantes do ensino médio Patrícia Rodrigues, 17 anos; Igor Gonçalves, 16; e Simone Maria, 14, foi selecionada para participar da Jornada de Foguetes, após fazer parte da Mobfog deste ano. O evento é realizado pela Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA). Para arcar com as despesas da viagem ao encontro, que será realizado de 26 a 29 de outubro, no interior do Rio de Janeiro, a família e a escola realizam campanhas junto à comunidade para arrecadar recursos.
O trio de estudantes ficou entre os 500 selecionados para a disputa em Barra do Piraí (RJ). A Mobfog é voltada para quem está no Ensino Fundamental e Médio, em escolas públicas e particulares de todas as regiões do país. Essa etapa ocorre nos colégios participantes. Na mostra, os estudantes elaboram e lançam, o mais longe possível, foguetes construídos com materiais variados. Os alunos do ensino médio que alcançam as maiores distâncias no lançamento são convidados a participar da Jornada de Foguetes.
Alessandra Lisboa, coordenadora do projeto Olimpíadas CEM 09, que promove a participação dos estudantes em competições de conhecimento, explica que iniciativas como esta são importantes na formação dos alunos. Por meio delas é possível desenvolver de forma prática conceitos de disciplinas como física, matemática e química, além de ;estimular a habilidade de trabalhar em equipe e ajudar ao próximo;.
Participantes assíduos de disputas estudantis, os três colecionam medalhas e prêmios. A coordenadora Alessandra relata que, além de se destacar nas atividades escolares, os alunos também ajudam na preparação dos demais colegas para olimpíadas de conhecimento. ;Eles são muito esforçados em sala de aula e já pensam e se preparam para o futuro;, afirma.
Igor foi selecionado para participar do mesmo evento no ano passado e conseguiu o troféu de escola campeã para o centro de ensino. Para o estudante, o diferencial da competição é poder avançar da teoria à prática. ;A gente não só aprende algo novo, mas começa a entender como aquilo se aplica. É muito interessante saber como o sistema do foguete realmente funciona e o que faz com que algo que pesa toneladas vá ao espaço;, conta. O jovem, além das aulas regulares na escola, tem lições de iniciação científica na Universidade de Brasília (UnB). Conquistou a vaga nesse projeto como prêmio, na competição de 2014.
Com medalha de ouro na Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA) e medalha de bronze na Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR), no ano passado, Simone explica que é gratificante representar a escola em um evento nacional. ;A gente não quer ganhar apenas pela nossa equipe, mas sim pela escola. O colégio todo se envolve e, se temos algum problema ou dúvida, sempre tem alguém para nos ajudar;, ressalta. Patrícia, que já conquistou vaga na Olimpíada Brasileira de Física deste ano, está animada para a próxima fase. ;Por mais que tenha que haver muita preparação, o processo é divertido. A gente está muito empolgado e espero que nossa equipe se saia muito bem;, diz.
Financiamento
Os custos de transporte, hospedagem e alimentação para participar do concurso ficam a cargo das famílias e são em torno de R$ 4 mil. Por falta de condições financeiras para arcar com as despesas, a mãe de Vítor criou uma vaquinha on-line para arrecadar o dinheiro. Até o momento, o valor doado é de R$ 1.080. A coordenadora Alessandra, que acompanhará os estudantes na viagem, explica que, além da campanha on-line, a equipe vende rifas na escola e para a comunidade. ;Nós não temos nenhum apoio institucional. A gente está dependendo de doações. O nosso grande desafio, talvez maior do que construir o foguete, é o de conseguir o dinheiro para pagar toda a viagem;, ressalta.
Até a próxima sexta-feira (11), a equipe precisa arrecadar R$ 2.400, valor que deve ser pago para confirmar a participação no evento. Os interessados podem ajudar os estudantes com contribuições via internet, até 25 de outubro.
A matéria completa está disponível para assinantes. Para assinar, clique